Gastos obrigatórios devem ser discutidos, defende economista da IFI

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2018 15h38 - Atualizado em 30/04/2018 15h54
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Reprodução/Twitter Os investimentos "acabam pagando o pato" do orçamento engessado, disse

As contas públicas dos governos registraram um déficit de R$ 25,1 bilhões em março, o pior resultado para o mês em toda a série histórica iniciada em 2001.

Felipe Salto economista e diretor-executivo da IFI, Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado Federal, falou sobre os números ao Jornal Jovem Pan desta segunda (30), bem como sobre as perspectivas para as contas do setor público.

“Essa trajetória de recuperação (nas contas públicas), como a gente esperava, vai ser com alguns tropeços”, destacou Salto, apontando que a saída da crise econômica também é gradual. “As receitas não vão se recuperar da noite para o dia”.

“A recuperação do consumo e do investimento vai demorar mais a acontecer”, projetou. “A apreensão das pessoas, seja do consumidor ou do empresário, ainda é muito elevada”, afirmou.

“Quando observada a série mais longa, sobretudo em relação ao PIB, o resultado primário parou de piorar”, comemorou o economista. “Mas o quadro ainda é muito negativo”, disse.

Sobre as causas estruturais do déficit bilionário, Salto apontou o “orçamento muito rígido” do governo. “Os gastos com pessoal são rígidos porque são obrigatórios”, exemplificou. “Qualquer agenda mais estrutural dependerá ou depende de mudança mais legais, constitucionais, e não só do gestor político de plantão”, apontou Felipe.

O economista vê também uma “preocupação muito grande” com a queda de investimentos, despesas discricionárias que “acabam pagando o pato”, uma vez que o orçamento é engessado.

Na ausência de um crescimento econômico mais forte, puxado pelas commodities, vai ter preciso ter mais eficiência, com um ajuste fiscal para valer”, defendeu.

Impostos ou cortes?

“O lado dos gastos precisa ser mais discutido e resolvido porque nos últimos anos o País ajustou suas contas majoritariamente pelo lado da receita. Tanto que a carga tributária em 1987 era 19% a 20% do PIB. Hoje é 34% do PIB”, disse, destacando que o valor foi usado para financiar direitos previstos na Constituição.

“Aumentar mais a carga tributária pode significar menos incentivos à produção, ao desempenho da atividade”, lamentou Felipe.

“Esses três grupos de gastos, correntes, com pessoal e da Previdência, têm tido um crescimento muito forte e precisam passar a ser o cerne de qualquer política de ajuste fiscal digna deste nome”, concluiu.

Ouça a entrevista completa:

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