Governo nega responsabilidade pelo avanço da febre amarela
Planejamento falho em ações preventivas e demora no repasse de recursos aos Estados no ano passado podem ter impulsionado o avanço da febre amarela no Brasil. Isso é o que indica uma levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas.
De acordo com a pesquisa “Febre Amarela – um Estudo de Caso”, a execução orçamentária do Ministério da Saúde para vigilância epidemiológica entre janeiro e março de 2017 caiu para R$ 436,2 milhões, ante R$ 530 milhões no mesmo período de 2016.
Se não bastasse, ainda de acordo com o estudo da FGV, esses recursos foram mal distribuídos, sem o foco necessário nas cidades mais afetadas pelo vírus. O levantamento não aponta culpados, mas indica que houve falta de coordenação para garantir que as vacinas chegassem a quem mais precisa.
A pesquisadora Danielle Sanches, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV, destaca os problemas encontrados pelo estudo: “O impasse que a gente percebveu foi a demora no repasse da liberação da verba da vigilância epidemiológica. No mês de janeiro de 2017 foram liberados R$ 3 milhões para vigilância epidemiológica contra R$ 76 milhões no mesmo período de 2016”, disse.
“Áreas que contêm regiões rurais e de difícil acesso, com baixa densidade populacional, mas que estão em fronteiras epidemiológicas definidas deveriam ter sido priorizadas, e isso não aconteceu”, explicou.
Danielle Sanches, pesquisadora da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV, ressaltou ainda que governos estaduais e municipais precisam fazer campanhas e contratar mais agentes de saúde para regiões de difícil acesso.
O Governo Federal tenta se afastar da responsabilidade pelo avanço da Febre Amarela. Em coletiva de imprensa para esclarecer as dúvidas sobre a doença, o ministro interino da Saúde, Antônio Nardi pontuou que o Governo fez a parte dele.
“O ministério, os Estados e os municípios têm a tranquilidade em colocar que os repasses financeiros federais a Estados e municípios foi (feito) absolutamente em dia, sendo inclusive adiantado para os Estados onde tínhamos maior incidência dos casos da doença, Minas, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia no ano passado”, garantiu.
Antônio Nardi, ministro interino da Saúde, disse também que a pasta já adiantou recursos deste ano para o Estado de São Paulo, e que Rio de Janeiro e Bahia receberão parcelas assim que concluírem o encaminhamento de dados contábeis.
Nos próximos dois meses, 74 cidades desses três Estados continuarão com campanhas de vacinação contra a Febre Amarela.
Também em nota, o Ministério da Saúde destacou ainda que o estudo da FGV não se refere a ações exclusivas do Governo Federal, e que a pasta não executa ações, mas promove políticas públicas e participa do financiamento do Sistema Único de Saúde.
Reportagem de Matheus Meirelles ao Jornal Jovem Pan:
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