Greve por auxílio-moradia divide juízes em todo o Brasil
Nesta quinta-feira (15), os juízes federais prometem uma paralisação nacional, em protesto, contra a ameaça do fim do auxílio-moradia. A ministra Cármen Lúcia, do STF, pautou para o dia 22 de março o julgamento de ações que tratam sobre o tema.
A decisão desagradou magistrados que defendem a análise de todos os casos. Durante todo o dia desta quinta-feira, as categorias vão trabalhar em regime de plantão. O movimento alega que as carreiras ligadas a União tem defasagem salarial desde 2005. Segundo o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, o tratamento deve ser equânime.
“Não basta apenas julgar as ações que tratam do auxílio-moradia, que atingirão apenas do juízes federais, deixando sem resolução os diversos pagamentos nos demais segmentos do judiciário e membros do serviço público”, disse.
Veloso entende que a remuneração precisa ser transparente, sempre de acordo com a Constituição. O presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistradas da Justiça do Trabalho), Guilherme Feliciano, lamenta as pressões políticas sobre o tema.
“A remuneração da magistratura foi fixada em 2005, a partir de um modelo de subsídio em parcela única. Esse subsídio deve ser irredutível para garantir a independência dos juízes. Um juiz não terá independência para decidir contra os interesses dos poderosos, desbaratar a corrupção, fazer valer direitos sociais, se ele corre o risco, em enfrentando esses interesses, em ver o seu próprio salário prejudicado por decisões políticas”, declarou Feliciano.
No caso da Anamatra 522 magistrados devem aderir a paralisação desta quinta-feira. Já os juízes do TRF-4, que deram a sequência contra Lula, avisaram que não vão cruzar os braços. Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro, também vai trabalhar normalmente. Sergio Moro não terá audiências nesta quinta-feira, mas a assessoria não confirmou se ele vai participar do protesto. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) é contrária a paralisação e promete acionar o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para punir os grevistas.
*Informações de Thiago Uberreich
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