Incerteza do quadro eleitoral freia recuperação econômica, diz gerente da CNI

  • Por Jovem Pan
  • 12/04/2018 15h48 - Atualizado em 12/04/2018 15h52
Stevepb/Pixabay inflação "Com quadro macroeconômico favorável, devíamos ter uma recuperação mais forte após anos de recessão", afirmou Flávio Castelo Branco

A CNI, Confederação Nacional da Indústria, divulgou levantamento sobre as previsões para o desempenho da economia brasileira em 2018 nesta quinta-feira (12). Com números bastante moderados, a análise mostra que, apesar de um cenário macroeconômico favorável, a incerteza em relação ao quadro político do País e ao ajuste fiscal atrapalham uma recuperação maior.

“Estávamos com um pouco de cautela em relação a recuperação da economia, que está se mostrando, desde o fim do ano passado, um pouco mais modesta do que foi em alguns momentos de 2017, apesar de um quadro macroeconômico bem favorável, com a inflação bastante reduzida, taxas de juros muito baixas – do ponto de vista da história do Brasil -, ambiente internacional favorável. Ou seja, nós devíamos estar com uma recuperação mais forte após anos de recessão. Acho que a incerteza em relação ao quadro eleitoral reflete nas incertezas em relação a continuidade, por exemplo, do processo de ajustes que nós sofremos nesses últimos anos, principalmente na questão fiscal. Isso causa uma posição mais conservadora por parte dos agentes econômicos e investidores”, afirmou Flavio Castelo Branco, gerente de Política Econômica da CNI, em entrevista exclusiva para a Jovem Pan.

“Depois de cair quase 30%, nível de investimento aumentar 4% é quase nada. Você desceu vários degraus e está recuperando meio. Isso mostra que há alguns fatores que inibem a continuidade do processo das decisões de investimento. Nesse sentido, como temos a postura de alguns candidatos contrários ao processo de ajuste fiscal, candidatos que têm importância nas pesquisas, isso gera um quadro de incerteza. Toda eleição gera alguma incerteza, mas essa tem um quadro mais sério em relação ao horizonte em que a economia vai trabalhar e isso limita a recuperação. Temos avanços, mas o contexto geral mostra que poderíamos ter uma retomada mais forte”, complementou Flávio.

Sobre o mercado de trabalho, ele apontou que a recuperação no mês de fevereiro foi mais forte no mercado informal, o que ressalta a dificuldade da economia em “engrenar em um ritmo mais sustentado”.

“O mercado de trabalho tem reagido, mas a reação ainda é muito mais forte no mercado informal, nas contratações fora da legislação trabalhista, do que no mercado formal. Isso mostra que há uma certa dificuldade da economia engrenar em uma dinâmica mais sustentada. Faltam investimentos, falta a consolidação de mudanças, pois ainda há dúvidas se elas vão se materializar e em qual intensidade, e tudo isso está associado ao quadro eleitoral. Então, nós temos uma recuperação que fica limitada pelas incertezas”, finalizou Castelo Branco.

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