Próximo presidente tem um problema muito grande, diz economista
O economista Bruno Lavieri, 4E Consultoria, falou ao Jornal Jovem Pan desta quarta-feira (21) sobre o cenário econômico nacional.
Para Lavieri, depois que “assumiu o golpe” de que não aprovaria a reforma da Previdência, o governo agora “tenta sinalizar alguma austeridade” e “sinalizar que ainda está trabalhando em prol de uma restrição fiscal”
O economista avalia que “o mercado continua muito confiante de que vai haver uma reforma profunda no ano que vem”, mas pondera que “seria muito positivo ter já essa sinalização de que a reforma seria aprovada”.
Sobre as contas de 2018, Lavieri disse que “a meta de primário é bem simples de ser cumprida”, ressaltando que “a restrição está no teto dos gastos” e que este será o maior desafio do governo federal.
Se os gastos da Previdência, que abocanham boa parte do orçamento, forem mantidos, “todas as outras despesas teriam de reduzir para permitir que o total de despesa não estoure o teto”, disse. “O desafio está mais do lado da despesa que do resultado em si”.
Além disso, Temer vai enfrentar gastos a mais não previstos neste ano, como para bancar a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro. Lavieri entende que “o governo vai ter que tirar de algum outro lugar para gastar com essa intervenção justamente porque no orlamento já está gastando todo o programado até o teto”. Para isso, deverá haver “algum outro corte” nos serviços.
“O governo já parte com uma previsão de estouro do teto para o ano que vem, então o próximo presidente realmente tem um problema muito grande”, projeta Lavieri.
Juros da dívida
Questionado sobre o pagamento dos juros das dívidas, que leva boa parte do dinheiro arrecadado, Lavieri explicou: “o País se endividou no passado e continua se endividando porque tem um ritmo de despesas que supera o da receita”.
O economista entende que pagar os juros “não é algo negociável”.
“Se você não paga seus juros você não consegue tomar novas dívidas e nesse momento em que temos déficit primário isso é absolutamente crítico. Seria o princípio de um governo fechando as portas ou emitindo moedas à vontade”, ponderou.
Ouça a entrevista:
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