Mandetta: Manaus está mais próximo de atingir colapso

Segundo o ex-ministro da Saúde, o estado de São Paulo tem ‘musculatura’ para enfrentar o vírus e não deve atingir o ‘colapso absoluto’, apesar da sobrecarga no sistema

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2020 16h50 - Atualizado em 30/04/2020 17h06
Marcos Corrêa/PR O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quinta-feira (30), em entrevista ao Jornal Jovem Pan, que a capital mais próxima de ver o sistema de saúde colapsar é Manaus. Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, o Brasil se aproxima de 6 mil mortes e tem mais de 85 mil casos de Covid-19.

“O colapso é uma palavra que tem sido banalizada, assim como lockdown. Mas o colapso ocorre em uma situação quando o sistema de saúde simplesmente não tem condições de atender. Você bate na porta do sistema e ele não consegue mais lidar com o atendimento, ocorre a desassistência. Manaus seria o mais próximo da palavra colapso porque tem pessoas morrendo em casa e um grande número de pessoas que não conseguem entrar no sistema de saúde”, disse.

Sobre o pico da pandemia no Brasil, Mandetta disse que o “vírus não negociou com ninguém em nenhum lugar do mundo”. Para ele, o entendimento segue o mesmo da época em que comandava o Ministério da Saúde, do governo Jair Bolsonaro.

“Vamos continuar subindo em maio e junho, em julho entramos em um platô, agosto os casos passam a diminuir e em setembro começamos a voltar. O sistema de saúde vai ser muito estressado por isso”, disse.

Mandetta avaliou bem as medidas adotadas pelos governos estadual e municipal em São Paulo, mas destacou que continuará sendo um desafio ao sistema de saúde.

“São Paulo tem musculatura. Tem o sistema da capital e também subsistemas, com cidades que são equipadas e tem musculatura que deverão dialogar. Vai dar trabalho, mas São Paulo tem condições. O sistema de saúde vai ficar caótico, mas não acredito em colapso absoluto.”

Isolamento social 

O ex-ministro voltou a defender o isolamento social como uma das medidas de combate ao novo coronavírus, mas evitou comentar “a parte política”. Segundo ele, a sociedade deve colher o resultado de afrouxamento de medidas de distanciamento social nas próximas semanas.

“Acho que as pessoas devem fazer o seu juízo. Começamos um tipo de distanciamento que acabou sendo feito em todo o Brasil. Mesmo que tenha sido ‘over’, a taxa de contágio diminuiu, vimos isso exatamente na semana que estava deixando o Ministério. Tivemos o isolamento alto, e veio essa falsa sensação de que estava tudo bem. Daqui duas semanas vamos colher o que estamos fazendo agora. Está todo mundo andando, filas enormes em bancos, ônibus, a sociedade tem se movimentado, e o vírus se aproveita dessa dinâmica. Vai ter aumento no número de casos, sim, por conta disso.”

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