Procuradora rebate defesa de Lula citando ‘provas materiais’: ‘Não foi uma simples doação graciosa’

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2018 14h52 - Atualizado em 26/11/2018 14h59
Wilton Junior / Estadão Conteúdo Danelon rebateu a defesa do petista, que disse que todas as doações foram "legais, declaradas e registradas"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo, no âmbito da Lava Jato, nesta segunda-feira (26), pelo crime crime de lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, ele recebeu R$ 1 milhão por meio de doações ao instituto que leva seu nome. Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, Thaméa Danelon, procuradora da operação em São Paulo, explicou mais detalhes do caso – citando, por exemplo, as provas materiais que foram adquiridas pelos investigadores.

Segundo ela, essas provas foram obtidas através de buscas e apreensões no instituto e quebra de sigilo de e-mails durante a 24ª fase da operação, chamada de Aletheia. “Nesse caso, não teve qualquer tipo de colaboração premiada. São provas documentais. E-mails, documentos de depósito, recibos. São a materialidade do crime”, disse.

Danelon ainda rebateu as alegações da defesa do petista, que argumentou, em nota, que todas as doações foram “legais, declaradas e registradas”.

“Por essas provas juntadas nos autos, ficou claro para o Ministério Público Federal que houve, sim, intermediação. Houve solicitação de agendamentos com Lula por parte da empresa ARG, houve entrega de carta enviada pelo presidente da Guiné-Equatorial, houve outra carta encaminhada pelo ex-presidente. Analisando as provas, ficou claramente demonstrado que não foi uma simples doação graciosa. Houve, sim, intermediação para favorecer a empresa e essa contrapartida. Mas, como Lula não estava mais na condição de agente público, o tráfico de influência foi prescrito e restou a lavagem de dinheiro”, afirmou.

A procuradora ainda declarou que, como os crimes foram praticados no Brasil, não há a necessidade de se fazer uma investigação paralela em outros países. “Não há necessidade. Os crimes praticados foram pelos denunciados, pelo ex-presidente que praticou tráfico de influência internacional e lavagem de dinheiro. Não foi uma doação, Foi recebimento de vantagem indevida pela prática do tráfico. E como foram praticados aqui no país, não há necessidade de ninguém ser ouvido no exterior”, concluiu.

Ainda de acordo com o ela, caso seja condenado, o ex-presidente poderá receber pena de 3 a 10 anos de prisão.

Entenda a denúncia

Segundo a denúncia, a quarta contra Lula ligada à Lava Jato e a primeira feita pela força-tarefa do MPF em São Paulo, o petista recebeu R$ 1 milhão por meio de doação ao seu instituto. O valor seria contrapartida por ter usado seu “prestígio internacional”. “Lula influiu em decisões do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que resultaram na ampliação dos negócios do grupo brasileiro ARG naquele país africano”, afirmou o MPF.

O crime teria sido cometido entre setembro de 2011 e junho de 2012.

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