Relatório diz que Brasil vai demorar 260 anos para atingir nível educacional avançado
Um relatório inédito do Banco Mundial estima que o Brasil vai demorar 260 anos para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em Leitura.
Em matemática, a previsão é de que os brasileiros levarão 75 anos. Esta é a primeira vez que o World Development Report é dedicado totalmente à educação.
Cláudia Costin, ex-diretora Sênior para Educação no Banco Mundial , professora da FGV e diretora do CEIP, o Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, falou em entrevista exclusiva à Jovem Pan sobre o relatório nesta quarta-feira (28).
Costin enfatizou que a previsão de 260 anos é apenas se o Brasil não tomar as medidas necessárias na educação. A professora destacou, no entanto, que algumas medidas têm sido feitas, como a aprovação da base nacional curricular comum, além de avaliações.
Para Costin, o Brasil tem boas provas de avaliação, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas falta uma “devolução” dos dados dos dados.
“Além de descobrirmos se as crianças aprendem ou não a prendem, a gente poder agir em cima (dos dados) e transformar o sistema educacional”, afirmou.
O relatório
O relatório anual do Banco Mundial, que discute questões para o desenvolvimento mundial, neste ano explora quatro temas principais: A promessa da educação, a necessidade de iluminar a aprendizagem, como fazer as escolas trabalharem para os alunos e como fazer os sistemas funcionarem para o aprendizado.
O cálculo foi feito com base no desempenho dos estudantes brasileiros em todas as edições do Pisa, a avaliação internacional aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento, a OCDE.
Essa prova do Pisa é aplicada a cada três anos entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o Brasil.
De acordo com o estudo do Banco Mundial, o país tem avançado, mas a passos muito lentos. Mesmo os países de renda média que estão alcançando melhores desempenhos, também fazem isso de forma lenta.
A Indonésia registrou ganhos significativos no PISA ao longo dos últimos 10 e 15 anos. Mas mesmo com essa melhora, o país não vai alcançar o ranking médio em matemática nos próximos 48 anos.
O Brasil é um dos países que fazem parte dessa crise de aprendizagem, apesar de avanços recentes em avaliações.
A Coreia do Sul, Peru e Vietnã são países citados como alguns dos que conseguiram avançar com reformas e novas políticas.
Algumas das sugestões para tentar reverter o quadro, principalmente nos países em desenvolvimento, são a valorização do professor, a avaliação dos sistemas de ensino, a melhor gestão das escolas e o investimento em educação infantil.
Reportagem de Marcella Lourenzeto ao Jornal Jovem Pan
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