Risco de contágio deve ser maior que o de tomar vacina, diz secretário após mortes
Duas pessoas morreram em São Paulo após apresentarem reações à vacina contra a febre amarela. Três outras mortes são investigadas. Em entrevista ao Jornal Jovem Pan desta sexta-feira (19) o secretário municipal de Saúde Wilson Pollara disse que deve-se “cotejar” o risco de se adquirir a doença com o risco da vacina para os grupos aos quais a vacina é contraindicada.
O secretário também classificou como “totalmente desnecessário” o afluxo de pessoas que formam grandes filas em postos de saúde para tomar a vacina na capital paulista e disse que essa o governo busca atender “necessidades mais psicológicas do que outra coisa da população”.
“Precisamos definir as áreas de risco para a população para poder cotejar com o risco da vacina. Se o risco da vacina é maior que o risco de a pessoa adquirir a doença, a pessoa não deve tomar a vacina”, afirmou Pollara.
A vacina contra a febre amarela é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas.
O secretário ressalvou que a vacina deve ser aplicada quando o risco de contato com a doença é “iminente”. “Dos grupos de risco, se houver a possibilidade iminente de adquirir a doença, nós precisamos dar a vacina porque a reação é rara, mas presente e a presença da doença deve ser mais arriscada do que o próprio o risco de tomar a vacina”, reiterou Pollara.
Para o secretário, os dois óbitos pós-vacinação ocorreram em pessoas com deficiência imunológica. “Duas pessoas que tomaram a vacina fora do município de São Paulo vieram a São Paulo para serem tratadas e morreram por complicações da vacina”, relatou. “Existem casos em que há uma deficiência imunológica tal, que menos o vírus atenuado, que é o que compõe a vacina, pode causar a doença”. Entre elas, houve uma senhora de 76 anos que tomou a vacina em Ibiúna, interior do Estado, e não foi alertada quanto aos riscos.
“Impossível controlar fluxo”
Pollara nega que as medidas recentes do governo, de antecipar o mutirão de vacinação, tenham provocado um senso de urgência e desespero na população.
“Nenhuma ação do governo foi por causa do risco da doença. toda ação do governo foi para atender esse anseio da população”, afirmou, destacando a “necessidade psicológica” dos que madrugam para se vacinar.
O secretário assume que “é totalmente impossível se controlar um afluxo desse tamanho totalmente desnecessário”. Ele compara: “Se todas as pessoas decidirem andar de ônibus no mesmo momento, não vai ter ônibus para todo mundo. É a mesma coisa com os postos de saúde”.
Pollara relatou que postos que costumavam aplicar 400 vacinas por mês expandiram a operação para 2 mil vacinas por dia. “Mas mesmo assim eu tenho mais duas mil de uma fila que se forma no dia anterior”, lamentou.
O secretário municipal pediu paciência à população e garantiu que “todas as pessoas que estavam em risco (na cidade de São Paulo) já foram vacinadas: aquelas que estão a até mil metros da Cantareira, na região norte, e aquelas que estão na região sudoeste do município, entre a represa Billings e o município de Itapecerica da Serra”.
Ele prometeu “que a vacina vai chegar ao lado de sua casa em tempo adequado”.
Ouça a entrevista:
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