SP vai fazer levantamento para analisar motivos de queda de cobertura vacinal

  • Por Estadão Conteúdo
  • 26/07/2018 15h19 - Atualizado em 26/07/2018 15h19
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Rovena Rosa/Agência Brasil Vacinação Febre Amarela Dados divulgados pelo Unicef e pela OMS mostram que as taxas de vacinação aumentam no mundo, mas caem no Brasil há três anos

O Estado de São Paulo vai fazer um levantamento no segundo semestre deste ano para avaliar os motivos que levaram à diminuição da cobertura vacinal na região. O Brasil tem 822 casos confirmados de sarampo em seis Estados. Dados divulgados pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que as taxas de vacinação aumentam no mundo, mas caem no Brasil há três anos.

Segundo Helena Sato, diretora técnica de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde, as coberturas alcançavam as metas até 2016, quando começaram a apresentar queda.

“Até 2016, as nossas coberturas vacinais atingiam as metas de 90%, 95%. A partir disso, observamos uma queda, não uma queda drástica, mas, ao invés de atingir 95%, a nossa média é em torno de 70%. Iremos realizar, no segundo semestre e já temos uma equipe organizada para tal, uma avaliação no Estado para identificar os reais motivos dessa queda.”

Helena afirma que a entrada de um sistema de informação nominal para registro das vacinas teve impacto nesse processo, mas não é o único motivo.

“Quando entra um sistema novo, até que os municípios acertem a adequada digitação, isso pode levar um tempo, mas não basta apenas avaliarmos que o problema está no sistema, precisamos ampliar esse leque dos possíveis fatores que podem estar interferindo nas coberturas e, com isso, verificar a real cobertura do nosso Estado.”

Nesta quinta-feira (26), as sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm), Infectologia (SBI) e Pediatria (SBP) assinaram um manifesto para incentivar a população a comparecer à campanha de vacinação que será realizada entre os dias 6 e 31 de agosto para evitar novos surtos de sarampo e o retorno da poliomielite no Brasil.

As entidades têm como objetivo melhorar a cobertura vacinal em todo o País e incentivar a população a manter a caderneta de vacinação em dia.

Segundo o manifesto elaborado pelas sociedades médicas em parceria com o Rotary Internacional e apoio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), o último caso de poliomielite ocorreu no Brasil em 1989 e, desde 1994, o continente americano tem o certificado de erradicação da doença.

No caso do sarampo, o Brasil e as Américas tinham sido considerados regiões livres de circulação do vírus em 2016, mas a situação mudou com o surto ocorrido recentemente do País, atingindo Estados como Roraima, Amazonas e Rio de Janeiro.

“Diante deste quadro atual, há necessidade da união de esforços de todos para a manutenção do País livre dessas doenças. As coberturas vacinais ainda são heterogêneas no Brasil, podendo levar à formação de bolsões de pessoas não vacinadas, possibilitando, assim, a reintrodução do poliovírus e do sarampo (comprometendo o processo de certificação de eliminação).

Desta forma, é importante que autoridades, gestores e profissionais de saúde trabalhem de forma integrada para reduzir os riscos e a possibilidade de reintrodução destas doenças no território brasileiro”, diz o documento.

Alerta

No mês passado, o Ministério da Saúde fez um alerta sobre o risco de retorno da poliomielite em ao menos 312 cidades brasileiras, das quais 44 estão no Estado de São Paulo, com base na baixa cobertura vacinal registrada nesses locais – que não chegou a 50%, quando a meta é 95%. Em 2017, pelo menos 800 mil crianças estavam sem o esquema completo de vacinação, composto por três doses do imunizante.

No ano passado, apenas o Ceará alcançou a meta de imunização na segunda dose contra o sarampo no País. No total, o Brasil tinha cobertura de 71,55% da segunda dose do imunizante em 2017.

Nesta quarta-feira (25), o Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito civil para apurar o motivo de os índices de vacinação infantil na capital paulista e nas demais cidades do Estado estarem baixos, em especial os da poliomielite.

O Estado informou que ainda não foi notificado sobre a investigação, mas que vai prestar todos os esclarecimentos ao MPE. A Secretaria Municipal de Saúde diz, em nota, que a cobertura da vacina contra a poliomielite em 2017 na cidade foi de 84,8%, superior aos dados divulgados pelo ministério, de 30,6%, e que o município atualizar informações sobre doses aplicadas em um sistema próprio.

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