Xi é o líder chinês mais poderoso desde Mao, diz professor

  • 26/02/2018 16h27 - Atualizado em 26/02/2018 16h29
EFE/ Roman Pilipey Broche com imagem do presidente da China Xi Jinping (dir.) ao lado do rosto do ex-líder Mao Tsé-Tung em mercado de Pequim

A possibilidade do presidente da China permanecer no cargo de forma ilimitada frustra expectativa internacional de que o país seguisse um caminho democrático.

O Partido Comunista vai remover a cláusula da constituição do País que determina o cumprimento de, no máximo, dois mandatos de cinco anos.

Pelo atual sistema, Xi Jinping deverá deixar o comando da nação asiática em 2023, mas o quadro agora será alterado.

O professor de relações internacionais e diretor do BricLab da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo, afirma que a mudança contraria uma regra.

“Com essa medida se contraria a previsão daqueles que imaginavam que, com uma maior prosperidade da China, os chineses iriam se aproximar de um modelo de governança democrático ocidental”, avalia o professor. “Bem ao contrário disso, essa medida reforça a ideia de que Xi Jinping é o mais poderoso líder chinês desde Mao Tsé-Tung”, disse Troyjo, em referência ao líder comunista da Revolução Chinesa.

“(A mudança) contraria uma regra estabelecida nos anos 1970 por Deng Xiaoping que visava à alternância de poder no cargo mais importante da China”.

Marcos Troyjo lembra que a partir dos anos 70 a China passou a ampliar o diálogo com o ocidente em busca de acordos econômicos.

O professor de relações internacionais da PUC de São Paulo – Carlos Poggio – considera a medida um retrocesso.

“Nós temos observado esse retrocesso democrático em diversos lugares, inclusive na América Latina e na Rússia, por exemplo. Tem muita gente comparando o Xi Jinping com o (presidente russo Vladimir) Putin”, avalia. “Vai um pouco nessa linha internacional de retrocesso de abertura por mais democracia”, pondera.

“Por outro lado, me parece uma leitura da China e dos oficiais chineses da situação do sistema internacional atual, em que os EUA parece que querem se retirar de sua posição de líder no sistema internacional e colocam-se, na verdade, sob a administração de Donald Trump, como um paós que desafia a ordem internacional vigente, construída e patrocinada pelo próprio Estado Unidos”, afirmou Poggio.

O professor da PUC Carlos Poggio lembra que Xi Jinping vem confirmando cada vez mais o estilo autoritário ao acabar com a oposição política.

A decisão de permitir que o presidente chinês fique no cargo por tempo indeterminado será referendada pelo Congresso do país.

Reportagem de Thiago Uberreich ao Jornal Jovem Pan:

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