Lei de zoneamento pode levar empreendimentos para fora da capital

  • Por Jovem Pan
  • 16/02/2016 13h08
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Kelsen Fernandes/ Fotos Públicas São Paulo Prédios em São Paulo

 A Câmara começa a debater nesta quarta-feira (17/02) o projeto da nova lei de zoneamento, com restrições ao comércio em regiões como Jardins, Pacaembu e City Lapa. O texto vai para a segunda votação, agora com a proibição de restaurantes, bares e bufês em áreas nobres da zona oeste da Capital paulista. Críticos da proposta anterior afirmam que ela iria descaracterizar bairros com perfil residencial e muitos deles tombados pelo patrimônio histórico.

O vereador Paulo Frange, relator da matéria, diz que costurou o projeto de forma a ser votado até o final da semana: “Nada sem a transparência que foi combinada lá atrás, e nada sem buscar o máximo possível de consenso para que não se incorpore algumas emendas que acabam por ser vetadas depois e destroem todo um relatório que a gente está tentando fazer, costurando toda as secretarias que estão envolvidas em cada tema”.

O Secretário de Desenvolvimento Urbano aponta a mobilização dos moradores de áreas nobres como fator necessário para as mudanças Em entrevista à repórter Carolina Ercolin, Fernando Mello Franco garante que as alterações em nada alteram o bem estar da cidade: “Valeu o peso de todos os cidadãos que se mobilizaram para esse processo. Sempre tem que ter um ganhador e perdedor, mas eu não vejo dessa forma, eu acho que estamos construindo um pacto. Essa é a importância, como vamos coabitar juntos, estabelecer um projeto de futuro”.

Já o Fernando Haddad nega lobby favorável aos moradores dos Jardins, que conseguiram a retirada de zonas comerciais em áreas residenciais. O prefeito disse ao repórter Anderson Costa que a questão faz parte da negociação pelo consenso em torno da Lei de Zoneamento: “Os argumentos apresentados estão sendo submetidos ao executivo e o executivo está dando aval às alterações que o relator está propondo, portanto eu não considero lobby nem considero concessão”.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil diz que as restrições a construções e atividades nas ruas da cidade continuam duras. Romeu Ferraz acredita que os novos empreendimentos terão um aumento de custo de 30% devido às regras sobre o aproveitamento dos terrenos: “Temos dois insumos que é o terreno e a construção. O preço de construção é tabelado e não vai mudar muito, agora em relação aos terrenos houve um aumento muito grande em função deles estarem sendo subaproveitado e isso vai gerar impacto no futuro.”

Do ponto de vista do mercado imobiliário, a previsão é que as incorporadoras privilegiem investimentos fora da capital. O presidente do Secovi, Claudio Bernardes, alerta para o impacto na mobilidade que essa tendência irá causar: “As empresas não conseguirão produzir imóveis na cidade de São Paulo e aí o processo natural é levar esses imóveis para as áreas do entorno. As pessoas vão morar no entorno mas continuarão trabalhando aqui o que piora a mobilidade na cidade que já não é tão boa”.

O projeto da nova lei de zoneamento passou com ampla maioria na primeira votação, em dezembro. As regras da versão anterior são de 2004, mas precisam ser revisadas para se adequar ao Plano Diretor Estratégico de 2014.

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