Levy quer aumento de imposto e corte de R$80 bilhões no orçamento

  • Por Jovem Pan
  • 18/05/2015 10h04

Joaquim Levy deu palestra em Florianópolis neste sábado (16)

Folhapress Joaquim Levy em Florianópolis

Reinaldo, então o custo PT se mostra cada dia mais alto para os brasileiros?

É difícil, hoje em dia, saber quem ganha com a bagunça política do governo Dilma — em boa parte, impulsionada pela própria presidente e pelo PT. Mas dá para saber com absoluta certeza quem perde: nós todos, a sociedade. Em reunião neste domingo com a presidente, no Palácio da Alvorada, à qual estava presente o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (alguém já descobriu o que ele faz o dia inteiro, ou seja, nas horas vagas?), Joaquim Levy, titular da Fazenda, defendeu a necessidade de aumentar impostos para garantir o ajuste fiscal, já que este foi bastante descaracterizado em relação ao que tinha sido pensado inicialmente. As novas regras aprovadas pela Câmara para a aposentadoria ainda não são lei. Precisam passar no Senado. Se Levy, no entanto, puder antecipar a entrada de dinheiro no caixa, melhor para o governo, não é?

Nelson Barbosa, do Planejamento, também estava presente. Não se falou só de aumento de impostos, mas também de corte de gastos. Até quinta-feira, o governo deve apresentar um plano de contingenciamento do Orçamento, que deveria variar de R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões — que é o valor da facada defendido por Levy. Como se pode notar, o país não vai retomar muito facilmente o crescimento da economia. A fase do ajuste, necessário, será longa e dolorosa.

Esse ajuste fiscal é fundamental para o país voltar a ganhar credibilidade, que foi perdida com velocidade impressionante. E que se note: não é que o governo pretenda fazer um fabuloso superávit primário. A economia prevista é de apenas — e é apenas mesmo! — 1,2% do PIB. Hoje, no entanto, mesmo esse número meio mixuruca está correndo risco.

Num ambiente de um pouco mais de tranquilidade política, o governo teria conseguido aprovar seu pacote original de corte de gastos, e um aumento dos tributos não precisaria estar no horizonte. Afinal, maioria folgada para isso, como todo mundo sabe, existe. Ocorre que a base do governo Dilma está balcanizada, dividida, e o próprio PT não se entende sobre a necessidade de cortar despesas e impor algumas medidas não muito populares. Pior: o partido da presidente resolveu lhe criar problemas novos, como a aprovação do fim do fator previdenciário na Câmara. O PT ajudou a jogar a bomba no colo de Dilma.

Um corte R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões no Orçamento vai, fatalmente, ceifar investimentos, o que aprofunda a recessão. Se vier um aumento de impostos, como quer Levy, Dilma vai conhecer o inferno antes de recuperar a credibilidade. Mas que se note: politicamente, ela está pagando o preço de irresponsabilidades pretéritas. O diabo é que o país arca com as consequências.

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