Secretário de Saúde garante que remédios nunca zeram e antecipa detalhes do Corujão 2

  • Por Jovem Pan
  • 05/10/2017 14h39 - Atualizado em 05/10/2017 14h40
Jovem Pan Secretário municipal de Saúde Wilson Pollara concedeu entrevista exclusiva à Jovem Pan

O repórter Fernando Martins, do Ligado na Cidade, entrevistou o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Wilson Pollara.

O secretário falou sobre a falta de médicos e remédios na rede pública e justificou o atraso em filas de exames que ainda persiste. Pollara antecipou na entrevista exclusiva detalhes da parte dois do Corujão da Saúde, que pretende zerar a fila para exames mais detalhados e garantir que o ritmo de atendimento corresponda à demanda.

Veja alguns dos principais trechos:

Falta de médicos

Em setembro o jornal Metro mostrou que faltavam 2.300 médicos na rede pública municipal. Pollara diz que a falta numérica não necessariamente indica a ausência de profissionais para atender a população.

“Esses mesmos médicos estão sendo contratados pelas organizações sociais, tanto que desde 1º de janeiro contratamos 1.254 médicos”, disse. “Hoje a mão de obra na saúde está sendo suprida muito mais pelas organizações sociais do que pela estrutura nossa”.

Pollara afirmou também que os 712 profissionais da saúde que passaram no último concurso estão sendo chamados para assumir o cargo.

“Vamos ter a partir deste mês (outubro) um novo concurso para 1.100 médicos para suprir a estrutura de funcionários públicos”, garantiu também o secretário.

De acordo com Pollara, as especialidades mais carentes de médicos atualmente são a pediatria, “carreira em crise hoje em dia”, e a de médicos da saúde da família.

Falta de remédios

Uma reclamação constante dos ouvintes ao programa Ligado na Cidade é a de falta de medicamentos nas farmácias públicas. São cerca de 600 farmácias apenas na cidade de São Paulo.

Pollara diz que um medicamento nunca vai faltar em todas as unidades.

“Tenho um controle do dia a dia sobre qual remédio vai faltar”, afirma o secretário, mostrando programa de computador.

Ele cita o atenolol e diz que a substância está presente em 30% das farmácias. “Nunca é zero”, disse. “Nunca chega a faltar totalmente”.

Pollara recomenda o site “Aqui Tem Remédio”. Lá é possível consultar previamente em qual farmácia se pode encontrar o remédio necessitado.

Licitações

O secretário afirma que o maior entrave que facilita a falta de remédios são as licitações demoradas.

“O grande problema hoje nosso ainda é a lei das licitações (8.666/93). Muitas vezes a compra de um remédio demora 120 dias e às vezes esse remédio termina antes. E eu não posso fazer uma compra emergencial, senão o Tribunal de Contas cai em cima de mim”, explicou Pollara.

“Estamos tentando com vários deputados para que pelo menos para as compras públicas de remédios a gente encurte os prazos da (lei) 8.666”, afirmou.

“Imagina o estoque que eu tenho que ter para aguentar 120 dias de espera de compras de remédios. É em torno de R$ 500 milhões, o que me permitiria construir cinco hospitais”, comparou. “Nós temos estoque, mas e quando chega no limite?”

Exames e Corujão parte 2

Matéria recente da Folha de S. Paulo mostrou que o exame de incontinência leva até 336 dias para ser marcado na rede municipal.

Pollara consulta o sistema e diz que hoje a Prefeitura consegue apenas entregar apenas 250 desse tipo de exame por mês . Ele explicou o que seria uma segunda fase do Corujão da Saúde, programa que “aluga” equipamentos de hospitais particulares para realizar exames em pacientes que aguardam na fila do sistema de saúde em horários noturnos e na madrugada, quando as máquinas costumam ficar mais ociosas.

A primeira fase do Corujão visou a exames de imagem.

“Preciso aumentar o número de prestadores, pessoas que fazem o exame”, reconheceu o secretário. Ele nega, no entanto, que a manutenção de filas seja uma falha do programa. “Não significa que o Corujão foi um fracasso; longe disso”, disse.

Pollara afirmou que os contratos para exames na capital estão sendo aumentados “em cerca de 60%”, o que equilibraria a oferta e demanda mensal de exames no município.

“Tem 41 mil pessoas que entram todo mês (na fila) e vou ter exatamente o mesmo número de exames para oferecer para as pessoas”, garantiu.

A fila seria, então, de vez zerada pelo Corujão. “Sobram 30 mil exames que eu vou ter que comprar do privado”.

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