Maior aposta do Governo petista, hidrelétrica no Pará não deve sair do papel

  • Por Jovem Pan
  • 04/08/2016 10h48
Helena Palmquist/Ascom/MPF/PA As construções de duas usinas hidrelétricas estão previstas para o Rio Tapajós

Mais de oito mil megawatts de energia. Uma quantidade que seria suficiente para, por exemplo, abastecer toda a frota de carros do Brasil, isso é claro, se no lugar de combustível fóssil usássemos a energia elétrica.

Pelo menos, era o que afirmavam os representantes da Eletrobrás em 2011, quando a defesa da construção da hidrelétrica de São Luiz dos Tapajós, no Pará, era um dos principais investimentos do governo petista, ficando atrás apenas de Belo Monte. Só que o projeto não deve mais sair do papel. É que documentos tornados públicos esta semana pelo Ibama revelam que três relatórios produzidos por órgãos ligados ao próprio Governo, orientam a presidente do Instituto a negar a licença para este empreendimento.

Se a presidente seguir os estudos, a negativa será considerada uma vitória de ambientalistas e dos índios Mundurukus, que vivem na região. Mas que também pode ser considerada mais uma derrota dentro da burocracia e desorganização estatal no Brasil.

A licença prévia foi solicitada pela Eletrobrás em 2009. Só que os estudos apresentados ao Ibama não foram capazes de responder quais as consequências para uma região ainda bem preservada da Amazônia.

Representante do Greenpeace na região da Amazônia, Danicley Aguiar, descreveu alguns desses impactos: “você tem ali uma população de pelo menos 12 mil indígenas, que vivem e dependem do Rio tapajós. das 326 ilhas da região, onde seria construída a hidrelétrica, 320 seriam submersas”.

Já o diretor do Programa Amazônia da Internacional Rivers, Brent Millikan, lembrou que as pesquisas elaboradas pela região, além de terem sido feitas por órgãos interessados na construção – como a propria Eletrobrás – começaram de um problema já bem conhecido: passar por cima de uma área indígena é inconstitucional. “Neste caso, já estava na cara desde sempre que haveria conflito”, disse.

Os ambientalistas ainda defenderam que o País precisa investir em energias renováveis e afirmaram que há outras formas de obter energia no Brasil sem precisar agredir essa parte da floresta.

Por outro lado,a previsão de investimentos de até R$ 30 milhões que seriam aplicados na Usina podem minguar com a recusa da licença. O Ibama solicitou a complementação dos estudos, mas, nos últimos dois anos, não houve respostas.

À Jovem Pan, a Eletrobrás respondeu que apenas cumpriu exigências do Governo ao fazer o estudo. Outro aspecto que deve influenciar a decisão do Ibama é o caso de Belo Monte, já que as condicionantes pedidas pelo órgão como contrapartida para a liberação, até hoje não foram cumpridas.

*Informações da repórter Helen Braun

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