Maior parte dos paulistanos não pediu ressarcimento da inspeção veicular

  • Por Jovem Pan
  • 04/01/2016 07h36
SÃO PAULO,SP,14.10.2013:INSPEÇÃO VEICULAR/SUSPENSÃO - Funcionários do posto Controlar, na Avenida Alexandre Aliperti, na Água Funda, zona sul de São Paulo, SP, atendem motoristas que não sabem da suspensão da inspeção veicular, nesta segunda-feira (14). O contrato com a Controlar, única empresa que fazia a inspeção, foi suspenso porque o prazo expirou em março de 2012, segundo a Prefeitura. Os paulistanos ficarão sem inspeção veicular por até no máximo seis meses. (Foto: Léo Pinheiro/Futura Press/Folhapress) Folhapress Inspeção veicular na capital paulista

 Apenas 3 em cada dez paulistanos pediram a devolução da taxa da inspeção veicular de 2013 à Prefeitura de São Paulo.

Segundo os dados, que foram obtidos com exclusividade pela Jovem Pan, mais de dois milhões de motoristas esqueceram R$ 95,5 milhões nas contas da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, responsável até então pela coordenação do serviço executado pela Controlar.

Na época da polêmica, o ressarcimento dos R$ 47,44 virou uma bandeira de campanha do então candidato Fernando Haddad, que levou o projeto à Câmara assim que assumiu o poder municipal.

Agora, no entanto, o dinheiro está esquecido nos cofres públicos. E se lá ficar por mais dois anos, a prefeitura agradece. É que a partir de 2018, o prazo para devolução expira e o recurso abandonado passa a ser, por direito, da cidade.

Mas porque 70% dos paulistanos deixou o dinheiro para o governo municipal? Boa parte das pessoas alega ter esquecido o ressarcimento. E para retirar é preciso informar à Prefeitura o número do certificado de aprovação, aquele papelzinho recebido ao terminar o teste de poluentes do carro, que poucas pessoas guardaram.

E de R$ 47 em R$ 47, a prefeitura já tem na conta uma bolada. Se corrigido pelo índice da poupança, abaixo da inflação, o total bate os R$ 116 milhões. Um pouco a menos do que pagou a última Mega-Sena acumulada, por exemplo.

Em tempos de crise, a quantia seria muito bem vinda aos cofres públicos.Sabe o que dá para fazer com tudo isso? O coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, lista alguns exemplos: “É um recurso que pode ser utilizado em diversas áreas. Na área da mobilidade, temos a possibilidade de fazer um corredor de ônibus de aproximadamente 15 km. É praticamente o valor de metade de um hospital que está sendo orçado, começando a ser executado, em Parelheiros”.

Se Fernando Haddad se reeleger, e mantiver sua política de mobilidade urbana, terá à disposição em 2018 verba suficiente para quase triplicar a malha cicloviária da cidade.

Segundo Broinizi, que é doutor em História Econômica pela USP, o valor é representativo se levarmos em conta o orçamento engessado da cidade: “Geralmente o que tem sobrado para fazer investimentos é algo em torno de R$ 6 a 7 bilhões por ano. Todo o restante do orçamento, que é por volta de R$ 55 bilhões, já é comprometido com todo o custeio. Então é um recurso bem-vindo, acrescenta bastante na possiblidade de avançar com as obras públicas”.

Para pedir a devolução da taxa, você precisa informar o número do certificado de aprovação, o RENAVAM, a placa do carro e a conta corrente para depósito.

Se você guardou os documentos, o procedimento é relativamente simples, mas bem escondido no portal da prefeitura, admite o jornaleiro Gustavo Oliveira – um dos poucos que conseguiu recuperar a taxa: “Eu soube por que ouvi a notícia no ano que podia pedir ressarcimento. Não sei se todos tiveram essa informação. Parece que eles não divulgam muito, quando não é interesse deles”.

Eles não, mas a Jovem Pan sim. Clique aqui para pedir o reembolso.

Reportagem: Carolina Ercolin

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