“As manifestações são parte da democratização do país”, diz João Wainer sobre “Junho”

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2014 11h17
Nathália Rodrigues João Wainer e Igor Kupstas falam sobre documentário "Junho"

O mês de junho se inicia, mês este marcado na vida dos brasileiros pelas manifestações que ocorreram no ano passado. O ponto de partida foi à intenção do governo de aumentar o preço das tarifas de transporte público em São Paulo. Encabeçado pelo Movimento Passe Livre,  as manifestações ganharam força e mais de um milhão de pessoas foram às ruas. O fotojornalista e produtor da TV Folha João Wainer viu então surgir a ideia para um documentário.  

Com o acerto da O2 Play, por intermédio de Igor Kupstas, e após um ano de lapidação e finalização, chega aos cinemas o filme Junho – O Mês que Abalou o Brasil. Além do momento histórico, o documentário também é o primeiro filme brasileiro a ser disbonibilizado também via iTunes para mais de 80 países, incluindo EUA, Canadá e no Reino Unido, uma estreia mundial.

Questionado sobre como a ideia surgiu, João relata, “Eu faço a TV Folha, que é um projeto de vídeo da Folha e a gente estava na rua com uma equipe grande. Aí foi todo mundo para a rua para acompanhar o que estava acontecendo. Já estávamos na rua gravando. Nós tivemos toda a estrutura da Folha a nossa disposição e isso fez toda diferença no produto final, disse ao Morning Show.

O roteiro do documentário foi feito na timeline de edição, a partir da análise de todos os depoimentos captados.“Nós mostramos como as manifestações aconteceram, uma coisa foi levando a outra. Podemos ver no dia 15 de junho os baderneiros quebrando tudo e houve uma reação da imprensa, do Governo e da Polícia, contra o que estava acontecendo. “No filme há vários depoimentos incríveis. A gente conta o que aconteceu e faz uma análise de opiniões distintas, sem fazer nenhuma conclusão”, diz João.

Questionado sobre às opiniões diversas em relação às manifestações, João relembra: “O Ronaldo deu uma declaração infeliz, quando ele disse que tinha que descer o cacete. Há várias pessoas que foram presas indevidamente. O filme mostra isso bem, mostra a confusão da imprensa, o Datena, o Marcelo Rezende. O momento mais pesado foi quando a nossa repórter levou um tiro no olho. Nós não sabíamos se ela ficaria cega, ou não.”

Para Igor Kupstas, da O2 Filmes, a grande produção de imagens foi facilitada pela tecnologia: “A facilidade de capitação, por conta do material digital, está mais fácil e na mão de todo mundo produzir um documentário. Nós corremos muito para trazer o filme ainda este ano. Via iTunes, o filme chega a 91 países. Acho que isso tem a ver com a internet, com o digital. Vira pirataria, mas nós temos que colocar isso dentro do contexto de indústria.”

Para finalizar, os produtores afirmam que ainda é cedo para tirar alguma conclusão sobre as manifestações passadas e o momento que o país vive. “Eu acho que esse momento é importante e faz parte da concretização da democracia no Brasil. O povo indo às ruas e debatendo política é algo que há alguns anos não acontecia. Pensar que no ano da Copa do Mundo a população discute política e não só futebol é fundamental para o processo de democratização”, disse Wainer.

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