Manifestantes fazem ato “contra intolerância” no Instituto Lula

  • Por Jovem Pan
  • 08/08/2015 10h28
Marcelo Mattos/Jovem Pan Lula

Reinaldo, Lula comandou ontem um ato contra a intolerância, o que você achou disso?

Um dia depois de ter ido ao ar o programa do PT que ameaça o país com o abismo, o golpe e o caos caso Dilma deixe a Presidência — é a isso, creio, que chamam lá de “crise política” —, “petistas e representantes de movimentos sociais”, escrevem os sites noticiosos, organizaram em frente ao Instituto Lula um “protesto contra a intolerância”.

É mesmo? Contra a intolerância de quem? Seria contra a determinação com que petistas perseguem seus adversários nas redes sociais, agredindo-os verbalmente, trolando-os, molestando-os, a exemplo do que fazia até outro dia — faz ainda? — o ator José de Abreu? Quem chama um notório “hater” para conduzir seu programa de TV não pode falar em “tolerância”.

O pretexto do encontro foi protestar contra a bomba caseira jogada há dias na calçada do Instituto Lula, ato criminoso, sim, cuja natureza não se conhece. Os intolerantes do petismo, no entanto, a começar da presidente da República, resolveram associar o episódio ao antipetismo que está nas ruas e em toda parte.

Atenção! É tão legítimo ser antipetista como é legítimo ser antitucano — ou isso não existe aos montes por aí? Quando militantes e simpatizantes do PSDB eram, e são ainda, tachados de “coxinhas” e de “reaças”, vocês viram alguém gritar “preconceito”? Será que o tal “preconceito” só existe quando o alvo do protesto são os companheiros?

Ah, esse debate conheço bem. Ao longo dos oito anos de mandato de FHC, eu o vi ser ironizado muitas vezes porque intelectual, porque sociólogo, porque professor da Sorbonne, porque… inteligente! Características inequivocamente positivas foram transformadas por Lula e pelo PT em máculas.

E nada disso parecia preconceito. Quando Lula foi eleito, fiz uma caricatura de seu notório anti-intelectualismo e passei a chamá-lo de “Apedeuta”. Foi uma grita geral. Seria “preconceito” de minha parte. Outro dia, alguém me mandou um pensamento — mau pensamento — de um humorista, segundo o qual é sempre lícito fazer piada tendo como alvo o opressor, mas nunca o oprimido. Talvez ele pense o mesmo sobre a ironia.

É claro que é uma tolice monumental e expressão de ideologia rasteira. Quando menos porque os conceitos de “oprimido” e “opressor” já embutem juízo de valor. Num país com uma população universitária ainda tão pequena, ironizar a escolaridade formal corresponde, acho eu, a fazer o jogo do opressor. Mas sei não ser esse um juízo universal. Fosse você tentar convencer a população de Dresden de que os Aliados eram os libertadores, não os opressores… Não iria colar. A melhor regra para o humor é uma só: ter graça; a melhor regra para a ironia é uma só: descontruir o estabelecido. E fim de papo. Mas volto ao ponto.

Os petistas, no poder há 13 anos, jamais desistiram de exercer o poder da vítima. É muito comum que o sujeito saia por aí gritando “sou oprimido” para que, então, possa ser agressivo, alegando apenas autodefesa.

Mas voltemos o dia Mas voltemos ao dia. É impressionante que todos nós escrevamos, como se fosse a coisa mais natural do mundo, que os movimentos sociais também estavam lá, junto com os petistas. E sabem por que estavam? Porque eles não se distinguem do partido, e isso não deveria ser considerado algo normal. Porque, definitivamente, não é. Assim como o partido aparelha o estado, aparelha também a sociedade.

E as ambições de verticalização do PT não reconhecem fronteiras. Antes do ato propriamente, estiveram no Instituto Lula os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa) e Edinho Silva (Comunicação Social). É evidente que isso é o fim da picada. As autoridades da República estavam lá, se vergando ao poder daquele que se quer ainda o condestável da República. Tenham paciência!

De resto, tenho a dizer: vai mal o PT! Uma convocação como a que foi feita, com a presença de Lula, para abraçar o tal instituto, recebe 400 pessoas apenas? No lançamento do meu mais recente livro, “Objeções de um Rottweiler Amororo” (Editora Três Estrelas), reuni 1.200 na Livraria Cultura. Não quero competir com Lula, claro! É que, no congresso do PT, ele me chamou de “blogueiro falastrão”.

O ex-presidente falastrão, definitivamente, não vive um bom momento.

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