Membros do PT e do PMDB afirmam que rompimento não era unanimidade

  • Por Jovem Pan
  • 30/03/2016 07h05
Reunião do diretório nacional do PMDB, que oficializou o desembarque do governo federal Igo Estrela / PMDB Nacional Ruptura do PMDB com o governo

 Sob os gritos de “Fora PT” e “Temer Presidente”, PMDB oficializou o rompimento com o governo Dilma após uma reunião de três minutos. O partido determinou por aclamação que todos os ministros filiados à sigla entreguem os seus cargos. O anúncio foi feito nesta terça-feira (29/03), em um plenário da Câmara pelo vice-presidente da legenda, Romero Jucá.

Os peemedebistas chegaram a gritar “Temer Presidente” e “Fora PT” durante a fala do senador: “A moção está aprovada. A partir de hoje, nessa reunião histórica, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Rousseff e ninguém no país está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do partido PMDB”. Ao lado de Romero Jucá, estava o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que rompeu com o governo em julho do ano passado.

O presidente do senado, Renan Calheiros, não compareceu à reunião e também não quis fazer comentários sobre a decisão do partido: “Eu não devo comentar, não compareci à reunião do PMDB para não partidarizar. O papel que exerço como presidente do senado, a instituição deve ser preservada, demonstrar isenção, independência e esses são fundamentalmente os meus compromissos”.

O vice-presidente da República afirmou em vídeo exibido em Portugal, durante evento, que as instituições brasileiras “estão funcionando regularmente”. Sem mencionar a crise política e econômica, Temer disse que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário estão “cumprindo suas tarefas”: “Não é sem razão que eu posso dizer com a maior tranquilidade que as instituições do nosso país estão funcionando regularmente. O legislativo, o executivo e o judiciário cumprem suas tarefas. O judiciário tem hoje uma presença muito forte, significativa que há de ser saldada por todos aqueles que se preocupam com o bom comportamento ético político e administrativo. O legislativo de igual maneira tem exercido suas funções com muita tranquilidade”.

A decisão do partido entra em conflito com as posições dos ministros Celso Pansera, da Ciência e Tecnologia, e Kátia Abreu, da Agricultura. Pansera, que é contrário ao impeachment, prometeu tomar uma decisão em breve, mas antecipou que não quer deixar a pasta: “Meu desejo é permanecer no ministério, temos toda uma estratégia, um trabalho desenvolvido que queremos continuar. Sou contra o impeachment e votarei contra. Não tenho meias palavras com isso”.

O Palácio do Planalto respondeu afirmando que depois dessa decisão do PMDB, irá se iniciar um novo governo. O ministro chefe de gabinete de Dilma, Jaques Wagner, disse que o rompimento oferece uma chance de repactuação do governo: “O que para nós interessa é que se abriu espaço para uma repactuação do governo. Alguns falam internamente em nova fase. Sai um aliado de longa data, mantêm-se outros”.

No Congresso, parlamentares do governo tentaram diminuir a importância do ato promovido pelo PMDB. O líder do PT na Câmara, Afonso Florence, ressaltou o fato de que nem todo o partido está de acordo com o rompimento: “Até onde eu acompanhei pela imprensa, nem todo o PMDB estava lá. Temos que esperar o resultado político dessa decisão de afastamento. Tem ministros e deputados que tem que se manifestar”.

A oposição segue insistindo que a batalha pelo impeachment não pode ser considerada golpe. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que as regras da Constituição brasileira definirão o futuro do país: “Não existe golpe quando se cumpre a Constituição, quando o STF avaliza e determina o rito a ser seguido, quando parlamentares definirão o que acontecerá com o país”.

Após o rompimento do PMDB, governo e oposição fazem novos cálculos visando à votação do pedido de impeachment no plenário da Câmara. O Planalto aposta no poder de peemedebistas que apoiam o governo e parlamentares de partidos que liberaram as bancadas, como PR e PSD.

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