Mendes atribui ao MPF divulgação de informações que suspendeu acordo
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, negou que tenha havido vazamento do acordo de delação com o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, e disse que a divulgação das informações pode ter vindo por parte do Ministério Público.
“Não afirmei que se tratava de vazamento. Eu disse que, quanto à probabilidade, era mais provável que tenha vindo do Ministério Público. O MP, nas investigações, está 100 dias adiantado. Eles dispõem de informações de delações (…) É preciso ter cuidado neste momento”, disse.
Segundo a revista Veja, Léo Pinheiro revelou detalhes de uma vistoria realizada na residência do ministro do Supremo, Dias Toffoli, que teria sido realizada pela OAS, investigada na Lava Jato. O pagamento, no entanto, partiu diretamente do ministro Dias Toffoli. Já o serviço, partiu de uma empresa especializada, indicada por Léo Pinheiro para a execução do trabalho.
Mendes questionou: “o que há de ilícito neste ato? Temos que ver os outros fatos”. Amigo de Toffoli, o ministro defendeu uma investigação, “se houver agum fato”.
Sobre a anulação da negociação de delaçao premiada com o empreiteiro, Mendes disse ter a “impressão de que há um discurso absolutista de que não se aceita mais a delação”.
Em contrapartida, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu, em plenário do Conselho Nacional do MP, que tenha ocorrido um vazamento pelo fato de o anexo citado pela publicação jamais ter ingressado no Ministério Público.
“Não houve nenhum anexo, nenhum fato enviado ao MP que envolvesse esta alta autoridade”, afirmou Janot nesta terça-feira (23).
Janot disse ainda “intuir” que o vazamento tenha se dado para a ceitação pelo MPF da delação premiada. Mendes, no entanto, rebateu: “à defesa interessa anular delação por causa do vazamento?”.
Com tom mais crítico ao atual vazamento quando comparado ao vazamento de escutas telefônicas do ex-presidente Lula com a presidente afastada Dilma Rousseff, o ministro Gilmar Mendes negou seletividade. “Não existe (…) Todas as vezes que houve excesso eu me pronunciei”, destacou.
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