Meninos usam saia em protesto contra o calor no Reino Unido
Na capital do Reino Unido o final de semana é chuvoso, cinzento, mas com temperaturas agradáveis entre 15 e 20 graus. É até um alívio depois da semana de calor senegalês que os britânicos enfrentaram. Até pra esse brasileiro que vos fala 34 graus por aqui pareceu muito, embora eu ainda prefira o tempo assim ao cinza habitual.
Mas os britânicos não estão preparados para isso. Nem com estrutura, nem moralmente falando.
Vejam esse caso numa escola na região de Exeter, que fica a mais ou menos 300 quilômetros aqui de Londres. Um grupo de meninos pediu autorização para assistir às aulas nessa semana usando shorts ao invés das calças compridas que fazem parte do rigoroso uniforme, que é conta ainda com camisa e gravata.
Percebam que os britânicos levam dress code muito sério porque eles são doutrinados a respeitar as regras de como se vestir justamente desde quando estão na escola. É uma tradição do Reino Unido e a escola prontamente negou o pedido por mais conforto dos alunos.
Só que a molecada decidiu dar uma de não-conformista e apelou para a razão: se as meninas podem vestir saias, que trazem algum refresco nesses dias de clima dos trópicos, porque os meninos não podem ter algum alivio também?
A solução foi facilmente encontrada por um grupo de dezenas de estudantes: recorrer ao traje das meninas para ir à escola, já que a saia faz parte do uniforme oficial e por isso eles não poderiam ser punidos. Deu certo, ninguém foi repreendido e o caso ganhou tanta repercussão por aqui que a direção do colégio mudou de postura e a partir do próximo ano letivo os estudantes estarão autorizados a usar shorts nos dias de extremo calor, que afinal não passam de meia dúzia por temporada aqui na Inglaterra.
Ouça aqui a participação do correspondente Ulisses Neto no Jornal da Manhã deste sábado
Prédios evacuados
Mas deixando as amenidades de lado, os moradores de um complexo de moradias sociais no norte de Londres, no bairro de Swiss Cottage, tiveram que deixar suas casas durante a noite de ontem e toda a madrugada de hoje por medida de segurança.
Depois da catástrofe digna de países subdesenvolvidos, quando ao menos 79 pessoas morreram no incêndio da Grenfell Tower, as autoridades londrinas entraram em pânico e decidiram não correr mais riscos.
Por isso, esse complexo que tem instalado o mesmo tipo de revestimento apontado como um dos responsáveis pela tragédia da semana passada, teve que ser esvaziado às pressas.
Quatro mil pessoas receberam ordens para deixar suas casas. A maioria é formada por famílias de baixa renda, pros padrões britânicos, claro, e por isso precisaram ser acomodadas em hotéis que serão pagos pelos cofres públicos.
Essas pessoas terão que ficar até três semanas sem poder voltar pra casa, enquanto o revestimento é retirado da estrutura. No total são cinco prédios só neste complexo. Em todo o Reino Unido são quase 600 edifícios em condição semelhante. Agora faça as contas.
Mas a questão financeira neste momento fica em segundo plano. Para muita gente que inclusive mora neste complexo londrino, a ordem de evacuação parece exagerada. Só que o Reino Unido não pode correr o risco de viver outra tragédia neste momento. É uma mega operação de remoção de pessoas ocorrendo neste momento. Algo que só um país rico consegue fazer. Ou pelo menos acredita que pode fazer com o mínimo de organização.
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