Mesmo com panorama favorável, agricultores temem investir em maquinário
O medo de investir afeta o agronegócio brasileiro, apesar da valorização das commodities e expectativa de safra recorde em 2016. O setor foi o único a crescer em 2015, com avanço de 1,8%, segundo o IBGE. A expectativa é de nova expansão esse ano, entre 1,5% e 2,2%, com uma produção de 210 milhões de toneladas. Mesmo com os números positivos do campo, o comércio de veículos utilizados na colheita caiu 34,5% no ano passado. No primeiro trimestre de 2016, as vendas de máquinas agrícolas seguiram em queda livre, com retração de 44%.
Em entrevista a Marcelo Mattos, a vice-presidente da Anfavea, Ana Helena de Andrade, atribui o desempenho ruim a uma crise de confiança do agricultor: “A safra foi recorde, os preços das commodities estão em um nível no geral positivo, a valorização cambial do ano passado também reflete positivamente na renda, mas essa falta de confiança no que vai acontecer no futuro faz com que o agricultor não tome a decisão de investir em máquinas e equipamentos”. Ana Helena salienta que, ao contrário de outras modalidades, o crédito para compra de máquinas agrícolas oferece hoje condições bastante atrativas.
O presidente da Abimaq, entidade que reúne os fabricantes de equipamentos, Carlos Pastoriza, aponta o dólar alto como um fator positivo: “Pelo fato do setor agrícola estar indo bem, nossos clientes estão capitalizados, inclusive agora com esse andamento do dólar, essas commodities que são dolarizadas, melhoram sua margem. Os insumos também são em dólar, mas a resultante é positiva”.
Pastoriza espera um cenário mais claro para a crise política antes da Agrishow, principal feira de tecnologia agrícola da América Latina. O evento acontece em Ribeirão Preto, entre 25 e 29 de abril, e deve movimentar R$ 1,9 bilhões, desempenho igual ao de 2015.
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