Mesmo sem homologação de delações da Odebrecht, políticos admitem apreensão
À sombra das manifestações públicas e da delação da Odebrecht, os políticos admitem apreensão. Mas a vida continua em Brasília, o futuro depende do que irá sair da delação dos 77 executivos que toparam falar tudo para reabilitar a empresa e reduzir as penas dos envolvidos.
Só houve a decisão pelas delações e pelo acordo de leniência após a descoberta pela Polícia Federal de detalhes do departamento na empreiteira especializado em dominar compropinas as decisões públicas.
A delação da Odebrecht só será considerada fechada com a homologação pelo ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki.
Recentemente, o próprio presidente Michel Temer admitiu que aguarda com expectativa a abertura da delação. “No tocante aos ministros eu vou verificar o que é que vem, qual é o gesto concreto relativo a essas delações. Quando vier, nós vamos avaliar caso a caso”, disse.
O líder do PP, Aguinaldo Ribeiro, também fica apreensivo, mas diz que não perde o sono. “Delação é problema de Justiça. O Ministério Público apresenta, cada um sabe o que fez da sua vida”, disse.
Já o deputado Marcelo Castro, do PMDB, admitiu que a Odebrecht tem muita informação de políticos: “da minha parte não tenho temor nenhum. Estou 1.000% tranquilo. Agora, devo reconhecer que a Odebrecht, de todas as empreiteiras, foi a que mais construiu, e há um entendimento, que não é só meu, de que a Odebrecht é quem detém a maior informação em relação às questões investigadas na Lava Jato”.
O primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur, disse que paga para ver. “Eu acho que essa coisa da Lava Jato, da Odebrecht e de outras empresas tem que permanecer. A gente tem que acabar com a corrupção no Brasil. Agora, tirar meu sono não me tira”, esclareceu.
Deputado líder da Rede, Alessandro Molon fala em “TPD” – Tensão Pré-Delação: “essa angústia que se percebe claramente na Câmara, é esse o combustível de uma proposta de anistia”.
O conteúdo da delação pode influenciar na eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro, e até mesmo na sucessão do presidente da República, Michel Temer.
*Informações do repórter José Maria Trindade
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