Ministério da Saúde admite o desabastecimento de vacinas

  • Por Jovem Pan
  • 26/01/2016 07h19
Osnei Restio / Prefeitura de Nova Odessa Vacina

 O Ministério da Saúde admitiu o desabastecimento de ao menos 15 vacinas, soros e imunoglobulinas em São Paulo, em documento obtido com exclusividade pela Jovem Pan. As justificativas para a falta de estoque elencadas na nota enviada a postos de saúde e maternidades do Estado são variadas, mas a maioria retrata lentidão em procedimentos burocráticos. É citado desde o desabastecimento mundial de alguns materiais biológicos até carregamentos inteiros aguardando “desembaraços alfandegários” a partir de agosto de 2015. Abaixo, um trecho do documento:

A falta de vacinas na rede pública gera insegurança em mães como Tatiana Alves da Silva, que admite ter voltado para casa sem a imunização do filho: “Agora em janeiro faltou uma que é a de hepatite A. A enfermeira falou que estava em falta essa vacina e que era para eu ir voltando no posto para ver se chegava. E nesse mesmo dia no posto tinha uma outra mãe que estava com filha que ia vacinar e também faltou uma”.

Outra vacina listada no relatório que a repórter Carolina Ercolin teve acesso é a dTpa reforço, indicada para mulheres na fase final de gestação já que protege contra difteria, tétano e coqueluche.

Segundo a infectologista Rosana Ritchtmann, do Hospital e Maternidade Santa Joana, o desabastecimento acaba fragilizando ainda mais as grávidas, preocupadas com a saúde do feto em tempos de surto de zika vírus: “Se isso pode ter algum impacto no psicológico dessas gestantes que já estão inseguras por causa dos vários vírus circulando? Com certeza. É importante falar para as gestantes para elas procurem a vacina. Elas têm um prazo para tomar a vacina, a partir da 27ª semana até o fim da gestação e a nossa sugestão é tentar ir atrás dessa imunização e proteção”.

O documento informa que as vacinas de Hepatite A, Difteria e Tétano, além da antirrábica, aguardam um “termo de guarda” pela Anvisa. Elas também precisam da liberação na alfândega e da análise do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde para, só então, serem distribuídas aos estados.

De acordo com o Ministério da Saúde, parte da culpa recai sobre o Instituto Butantan. O repasse das vacinas contra raiva em cultura celular e Hepatite B está prejudicado por atrasos na entrega pelo centro de pesquisa estadual. Procurados, o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan não responderam aos pedidos da reportagem da Jovem Pan.

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