Ministro afirma ser lamentável e sórdido usar o STF como valhacouto

  • Por Jovem Pan
  • 16/03/2016 09h56
Carlos Humberto/SCO/STF Ministro Gilmar Mendes

 O ministro do STF, Gilmar Mendes, em entrevista à Jovem Pan, analisou o cenário político vivido pelo Brasil diante da possível nomeação do ex-presidente Lula como ministro. Mendes explica que existem dois movimentos contrários em relação ao foro privilegiado e ironiza a ação da presidente Dilma Rousseff: “Alguns parlamentares, quando tem denúncia no Supremo, renunciam para fugir da jurisdição do STF, agora vemos o outro movimento. Imagino que a presidente da República vai nomear ministro da infraestrutura ou transporte um dos empreiteiros que está em Curitiba, e nesse caso testaria também a competência do juiz Sérgio Moro. Veja o absurdo que podemos chegar”.

Ao ser questionado sobre a demora nos debates da Corte, o ministro explica que é exceção o STF deliberar em processos criminais e critica a tentativa de refúgio na maior instância jurídica do País: “O lamentável e sórdido nesse movimento político que se faz é usar o STF e o foro privilegiado como valhacouto de pessoas que fizeram malfeitos graves. (…) O STF não é uma corte criminal, excepcionalmente julga casos criminais. O problema é que no Brasil generalizou-se essa prática de crimes no âmbito dessas pessoas detentoras de foro”.

Gilmar Mendes fala que o STF tem um saldo positivo por ter permitido o desenvolvimento da Lava Jato, quando condenou criminosos do mensalão. Ele destaca que a Corte terá a oportunidade de recompensar a impressão que ficou no escândalo julgado em 2012, de que teria faltado a condenação de alguns personagens. Para o ministro é irônico que Lula, acusado de ter cometido crime, volte ao local onde esse crime foi cometido, em relação a reunião que o ex-presidente teve com Dilma Rousseff nesta quarta-feira (15/03).

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