Moraes defende continuidade da Lava Jato mesmo com eleições municipais
O ministro da Justiça negou saber com antecedência de qualquer operação da Polícia Federal e defendeu que a Lava Jato não pare mesmo em semana de eleição.
Alexandre de Moraes disse em evento em São Paulo que a afirmação que gerou polêmica neste domingo (25) foi tirada de contexto e não se trata de um palpite, mas uma citação genérica.
Segundo o ministro, o jornalista que ouviu a conversa dele com integrantes do Movimento Brasil Livre neste final de semana em Ribeirão Preto publicou uma informação truncada.
“Foi uma afirmação genérica e eu diria, as operações vão continuar. Hoje houve operação, essa semana deve haver mais operações. Não foi palpite, foi afirmação. Houve operações e vai continuar tendo. O que ocorre é que o jornalista truncou conversa quase de 20 minutos que tive com movimentos. Ele truncou uma conversa que foi muito maior”, explicou.
A conversa ocorreu em um ato de campanha do deputado federal Duarte Nogueira, do PSDB. Lá, Moraes afirmou que uma nova etapa da Lava Jato ia ser deflagrada durante a semana. E nesta segunda-feira (26) a PF prendeu Antonio Palocci – ex-ministro de Lula e Dilma – em mais uma fase da operação em 7 Estados.
Segundo o ministro, as investigações não podem parar, nem por causa do calendário eleitoral: “vai parar agora por causa da eleição? Não é possível que você pare investigações em curso em virtude de eventos que ocorrem normalmente no Brasil”.
O delegado Igor Romário de Paula também rebateu as afirmações de que o Ministro da Justiça sabia antecipadamente da operação desta segunda-feira. “Somente as pessoas diretamente repsonsáveis pela investigação possuem conhecimento de seu conteúdo”, disse.
A senadora Vanessa Grazziotin protocolou na Comissão de Constituição e Justiça do Senado um requerimento para que o colegiado convoque Alexandre de Moraes para explicar a possível antecipação da Lava Jato.
Oposição entra com representação na PGR
Parlamentares da oposição entraram nesta segunda-feira (26) com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Os deputados e senadores do PT e do PCdoB pediram o afastamento cautelar do ministro por entenderem que Moraes violou o sigilo profissional do cargo.
De acordo com a petição, as declarações do ministro causam “embaraço às investigações”.
“A situação requer medidas de urgência, tanto com o fim de proteção da necessária imparcialidade que a operação exige quanto para evitar exploração eleitoral indevida, e acautelar a sociedade da repetição de condutas do ministro de Estado que, por si só, constituem crime de responsabilidade”, acrescentou o texto.
O pedido foi assinado pelos senadores Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Ângela Portela (PP-RR), Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN), Jorge Vianna (PT-AC), José Pimentel (PT-CE), Paulo Paim (PT-RS), Regina Sousa (PT-PI) e Randolph Rodrigues (REDE-AP) e pelos deputados federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Afonso Florence (PT-BA).
*Informações da repórter Carolina Ercolin e de Agência Brasil
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