Art Popular volta às origens em novo CD e promete musical sobre história do samba para 2019
Quem nasceu antes da virada do século deve lembrar de pelo menos um pagode ou samba dos que fizeram sucesso nas rádios e programas de televisão brasileiros. Entre tantos grupos, o Art Popular surgiu, fez sucesso e agora volta às origens com disco novo e incentivo a musicalidade na juventude. A nova formação do grupo que nasceu nos anos 1980 conta com cinco integrantes: Leandro Lehart, Pimpolho, Tcharlinho, Malli e Ricardinho.
O grupo lançou grandes sucessos, como “Temporal”, “Eternamente Feliz”, “Utopia” e “Pimpolho”. Agora está de volta com um novo álbum e DVD, “Breakdown Partido Alto”, que conta com participações especiais do Instituto GPA de Osasco e da Associação de Músicos de Itaquera. “A música carece de conservatório, de aulas nas escolas. Eu sinto muita falta de educação musical nas escolas públicas, principalmente. Trouxemos esses grupos [GPA de Osasco e a Associação Itaquera] que estão na batalha, vivendo de doações, querendo ensinar música para a molecada”, disse o vocalista Leandro Lehart em entrevista ao Morning Show.
No Art Popular é consenso que o samba brasileiro é bom e pode muito mais. Para os cinco, mesmo com o gênero distante dos holofotes e das televisões, ele continua a tocar nas festas e nos bares e baladas das cidades do país. Para Lehart, o samba se associa ao blues estadunidense, pois “não tem artistas datados. Nós, por exemplo, temos Jorge Aragão. Não precisamos de fisionomia pop para prevalecer no mercado”, explica.
O lançamento de “Breakdown Partido Alto” é o preâmbulo do retorno do grupo às raízes após um hiato em que o vocalista deixou o grupo e passou um período produzindo outras bandas. Além do lançamento e da agenda de shows, que conta com dois já nos próximos dias (veja no fim da matéria), o grupo também está se dedicando a um musical sobre a história do samba e pagode contadas a partir dos anos 1980 até a contemporaneidade.
E por falar na pré-virada do século, o percussionista Marcelo Malli, quando perguntado sobre os boatos de rivalidade entre os grupos de sucesso dos anos 1990, disse que havia o que chamou de “rivalidade sadia”. Para ele e os colegas, a disputa entre os grupos se detinha a “fazer músicas boas”. Lehart conta ainda que muitos grupos quase não tinham tempo nas agendas para se reunirem e criarem juntos um movimento mais consciente de si. “Não tínhamos noção do que estava acontecendo. Saímos de uma gravadora independente, a cascata, e aí as gravadoras começaram a chamar a gente. Não tinha tempo de parar, conversar, ter uma longevidade artística maior”.
Para quem pensa que samba e pagode só falam de amor e dor de cotovelo, o líder do grupo explica: “O samba foi o nosso primeiro hip hop né? A gente tem músicas que falam de coisas importantes, de reflexão, coisas simples, mas acessíveis tanto para as classes mais abastadas quanto para mais populares”. E nessa toada, Lehart disse não acreditar que um dos grandes sucessos do grupo, “Pimpolho” sofreria algum tipo de censura politicamente correta.
O Art Popular não podia deixar de matar a curiosidade dos amantes do gênero sobre o famoso “lelele lalaia” tão recorrente nas composições de dezenas de grupos. “O “lelele lalaia” vinha no final da música para democratizar. A música brasileira tem essa coisa da sonoridade aberta que combina com as vogais e o ritmo do samba tem muito disso”, concluiu.
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