Brasil vive ‘metástase’ da corrupção, diz produtor de ‘A Divisão’ e fundador da AfroReggae

  • Por Jovem Pan
  • 14/01/2020 11h51
João Henrique/Jovem Pan José Junior foi o convidado do Morning Show desta terça

José Junior, fundador da ONG AfroReggae e produtor do longa “A Divisão”, que estreia no dia 31 de janeiro, esteve no Morning Show pra compartilhar toda a sua experiência com a ação da polícia, criminalidade e política.

O filme do diretor Vicente Amorim, baseado em uma história real, mostra a onda de sequestros que aterrorizou o Rio de Janeiro. Então, uma força-tarefa é formada por policiais com perfis completamente diferentes.

“O crime no Brasil, no RJ, se adequa ao vácuo do poder. Hoje o RJ tem 1200 áreas conflagradas e quase 20 grupos armados na disputa por poder. Esse vácuo da insegurança, o filme mostra isso. O secretário de segurança pública, de direita, que convoca um delegado de formação de esquerda. Para o bem comum, a direita e a esquerda dialogam. Serve até de exemplo para os dias de hoje”, afirmou Junior.

Segundo ele, o problema gira em torno da corrupção endêmica da sociedade. “Se um policial para qualquer pessoa que está com a habilitação atrasada, para ela é mais fácil ‘pagar cerveja’ do que ser detida. A sociedade é favorável a esse tipo de postura, quando ela se beneficia. A gente não pode esquecer que o policial também faz parte da sociedade. É uma coisa que ocorre. Não é só a polícia, eu não sou policial, a gente fala muito da corrupção policial, mas é uma corrupção generalizada, é uma metástase que a gente vive.”

Com ampla experiência como mediador de conflitos, durante seu tempo na AfroReggae, José aprendeu muito com o período e, agora, o transporta para o cinema e para séries: “Mediei várias guerras no RJ, e não há como mediar sem sentar com as lideranças, nunca ofereci nada em troca, eu não era o Estado, o que tentava fazer era amenizar os enfrentamentos, estou focado atualmente no audiovisual.”

“A experiência do AfroReggae e com políticos me ajudou muito, me marcou. Até 2004, era visto pela polícia como traficante porque eu tirava as pessoas do crime. Fiz um projeto ‘Juventude e Polícia’, para juntar policiais com jovens da favela e o RJ não topou. Eu estava dando uma palestra em MG e foi assim que conheci o Aécio. Fui convidado em 2014 de fazer campanha, foi a primeira e a última. Me arrependo de ter me envolvido, mas foi um aprendizado”, completou.

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