“A corrupção em Santo André foi piloto para o Mensalão”, diz autor de livro sobre Celso Daniel
A morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, que aconteceu em 2002, ainda está envolta de mistérios sobre quem foi o mandante. Envolvido em um esquema de corrupção do PT na cidade do ABC, muitos acreditam que os líderes do partido estão envolvidos no assassinato, que recaiu sobre Sergio Sombra, ex-motorista de Celso. O livro “Celso Daniel: Política, Corrupção e Morte no Coração do PT” reconta os passos do caso e o autor Silvio Navarro deu mais detalhes sobre a obra no Morning Show desta quinta-feira (20).
Para o editor do site da Veja e da TVeja, o caso de corrupção feito na prefeitura de Santo André foi o laboratório do PT para o que iria fazer quando assumisse o governo federal, referindo-se ao “Mensalão” e “Petrolão”.
“Sem dúvida esse foi um projeto piloto de um partido que montava esquemas, o que veio a se comprovar com o Mensalão e Petrolão. Você tem políticos, um projeto de poder e empresários interessados em projetos públicos”, disse.
Mas qual era o contexto do governo de Celso Daniel na época que comandou a cidade vizinha do berço do Partido dos Trabalhadores? Navarro relembra que o PT sempre quis se manter longe dos holofotes e de qualquer ponto que o ligasse ao crime barbado. Ele descreve o ex-prefeito como alguém conivente com o caixa dois feito pelo seu partido, mas que não gostava de ver empresários bebendo dessa fonte.
“Ele (Celso Daniel) é um fantasma para o PT. Ninguém quer ouvir falar dele. O assalto a prefeitura de Santo André foi o início do Mensalão e Petrolão. O Celso era conivente com o roubo altruísta desde que o dinheiro fosse para o caixa dois do PT. Ele foi alertado de que tinha um caixa 3. A orientação do comando do PT era que o grupo fosse afastado para não causar problemas ao Lula”, explicou. “O Celso Daniel era um morto pouco querido, inclusive personagens como namorada e amigos próximos. Estavam preocupados em blindar o PT e o Lula, em sua campanha mais promissora para presidente”, completou
O editor da Veja não se vê ameaçado por mexer em um assunto que já fez um fila de cadáveres nesses 14 anos que se seguiram desde a morte do petista. Na obra, ele deixa registrado que não há provas que envolvam o PT na ordem de execução de Celso Daniel.
Navarro contou que o livro rodou nas gráficas uma semana antes da morte de Sérgio Sombra, empresário que foi acusado pelo Ministério Público como a pessoa que encomendou a morte do ex-líder da cidade de Santo André. O jornalista deu detalhes sobre a relação entre os dois amigos, que jantavam juntos no fatídico dia em que Celso foi sequestrado e encontrado morto dois dias depois.
“O Livro rodou uma semana antes do Sombra morrer. Quem levou o Sombra até o Celso foi a mulher do irmão do ex-prefeito. O Sombra era formado em Filosofia e dava aulas na Pirelli. Depois que se conheceram, fizeram uma grande amizade. O Sérgio foi arrecadador de campanhas do PT, tem um documento que mostra isso”, concluiu.
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