Dado preocupante: 80% das notícias compartilhadas na internet não são lidas
Poucas vezes se discutiu tanto na internet a questão das fake news, nome dado às notícias falsas que viralizam nas redes sociais. Mas, na prática, toda essa discussão ainda não resultou em praticamente nada. É o que sugeriu André Miceli, especialista em sociedade digital, colaborador da Jovem Pan e coordenador na FGV, em entrevista ao Morning Show nesta quinta-feira (10). Segundo ele, 80% do que é compartilhado na web não é lido por completo.
“Lê-se a chamada e não o conteúdo. O cara olha o título da matéria e fala ‘nossa, aconteceu não sei o que, e compartilha’. Tanto que a fake news reverbera cinco vezes mais rápido que a notícia real. Normalmente ela tem o ‘absurdo’, o ‘novo’ como parte. As pessoas definitivamente não entenderam isso ainda. Precisamos fazer um trabalho de conscientização. A imprensa vai cumprir um papel importante nesse sentido”, declarou.
O convidado esteve na bancada para comentar uma nova pesquisa feita em todo o país pela Fundação Getúlio Vargas sobre a relação dos brasileiros com a tecnologia. Ele destacou, inclusive, que esse processo citado anteriormente terá um papel essencial neste ano por conta das eleições.
“Existem programas feitos para massificar ideias. É o ‘filtro-bolha’. Isso te faz receber mais sobre o que você já concorda. Ele corrobora opiniões mais do que abre discussões. Isso empobrece o debate político. As próximas eleições vão ser influenciadas por isso. Você precisa curtir e reagir a posts com ideias contrárias às suas! Se não, olha só o que já gosta”, explicou.
O Facebook está “velho”?
Outro dado curioso mostrado no estudo da FGV diz respeito à idade dos usuários das redes sociais. E acredite se quiser: o Facebook está cada vez mais velho.
“Sim, está envelhecendo no que diz respeito à média de idade. Isso não faz com que os jovens se exponham menos, eles apenas se expõem em outros lugares. Seja no Instagram ou nos grupos de WhatsApp, que seriam caminhos mais privados, se é que dá para falar de privacidade”, contou.
Jovens são os menos otimistas
Além disso, os jovens também foram apontados nos números como os “menos otimistas” com os avanços da tecnologia. A idade foi, por sinal, o fator que mais influenciou nas respostas dos entrevistados, mais até do que renda ou região geográfica.
“Nossa principal surpresa foi ver que a faixa menos otimista é a de 13 a 17 anos. A galera que está muito conectada sente as mazelas de maneira mais contundente. E investigamos o porquê. Vimos que a molecada sente o lado negativo do cyberbullying e tem algo que chamamos de síndrome de FOMO. É o medo de perder alguma coisa, alguma notícia ou evento divulgado na web. Isso traz angústia, ansiedade. Resumindo, as pessoas olham para a tecnologia e pensam: esse negócio é legal, tem problemas e me traz angústia, mas não vivo sem”, concluiu.
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