De “nazista” a “pseudointelectual”: Feliciano bate-boca com apresentadores do Morning

  • Por Jovem Pan
  • 28/02/2018 12h22
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Jovem Pan Em suas palavras, deputado foi "lavar roupa suja" no programa

O clima foi quente na edição desta quarta-feira (28) do Morning Show. E não poderia ser de outro jeito, já que o convidado da vez foi o controverso deputado Marco Feliciano. Durante a manhã, ele foi confrontado por Edgard Piccoli, Paulinha Carvalho, Caio Rocha, Claudio Tognolli, Vinicius Moura e Augusto Nunes sobre temas que já havia mostrado ter opiniões polêmicas e não fugiu de nenhuma resposta – o que fez a troca de farpas ser grande em alguns momentos. Como quando ele chamou Tognolli (crítico das vertentes de esquerda e autor de livros investigativos sobre o ex-presidente Lula e sobre a Operação Lava Jato) de “pseudointelectual” e “socialista”.

A declaração veio assim que o jornalista afirmou que o parlamentar tinha um “discurso nazista” por elencar alguns grupos, como a comunidade LGBT, como seus inimigos. “É um discurso de ter como inimigo quem é diferente. Antes de matarem os judeus, os nazistas usaram de cobaias as testemunhas de Jeová. Me choca o senhor ir tão de frente contra o público gay. Para mim é muito parecido”, disparou. “Quem fala em inimigos aqui é você. Fala como se eu fosse antissemita. Estamos em um embate político. Há apenas adversários. Me choca você, com um conhecimento grande, me chamar de nazista. Isso está ligado ao socialismo que você sempre defende (…). Quando eu te chamo de pseudointelectual é por isso”, respondeu o religioso. “Eu, socialista? Pesquise antes de falar isso”, retrucou.

Entenda o início das discussões

O deputado federal do PSC foi convidado por conta de alguns desentendimentos que teve nos últimos dias com os apresentadores. Tudo começou na edição de segunda-feira (26), quando o político foi citado no quadro Não Convide Para a Mesma Festa. Na ocasião, eles falaram sobre um vídeo feito pelo pastor em que ele dizia se sentir “ameaçado” por personalidades como Pabllo Vittar, que estariam, segundo suas palavras, tentando destruir a família tradicional brasileira. A declaração gerou algumas brincadeiras e ele não gostou.

No dia seguinte, terça (27), Feliciano enviou uma resposta à rádio por meio de um vídeo intitulado Turma do Morning Show: Voltem Para a Escola. “Indignado”, atacou alguns membros da bancada e ressaltou mais uma vez suas opiniões sobre a artista drag e toda a comunidade LGBT. Paulinha, então, contou aos ouvintes que já estavam em contato com o deputado para resolver essas questões – já que o Morning, como ela destacou, valoriza a abertura a discussões democráticas.

“Vamos lavar a roupa suja. Primeiro, sobre Pabllo não tenho nada contra. Não conheço a música. Vivo em outro mundo. Mas tenho muitos seguidores que me perguntaram o que eu achava da ascensão dessa pessoa. Falei sobre um pensamento politico. Chamei atenção dos meus eleitores. E fui chamado de nazista, zombaram de minha aparência como se eu fosse um homossexual enrustido. E na minha ausência, o que é pior”, explicou ao chegar ao estúdio.

Polêmica sobre LGBTs – mais uma vez

Durante a conversa, Paulinha questionou o convidado sobre suas posições perante o casamento homossexual. “O senhor fala que é uma ameaça à família tradicional, mas não consigo entender. Como? Uma família não é todo tipo de família em que existe amor?”, disse ela. “Não sou idiota nem ignorante. Sei que temos famílias plurais. Mas são arranjos familiares. A minha é assim! Não tenho nome de pai no meu documento. Sofri preconceito por isso também. Acontece que mesmo habitando uma família não-tradicional eu tive referências. Quando falo da destruição é dos costumes que deram início à civilização”, respondeu.

Feliciano criticou ainda o “falso ativismo” do momento LGBT. Segundo ele, a beleza da democracia está, sim, na diversidade. Ele não vê problema na existência de deputados que defendem a causa, por exemplo. Mas acredita que muitos deles – tanto ativistas como políticos – estão nessa apenas para arrancar dinheiro do governo. “A briga deles não é por ideologia, mas por cabine de emprego”, destacou.

“Vocês tentam colocar palavras na minha boca. A fé cristã é de inclusão. O que a pessoa faz entre quatro paredes é de foro intimo. Pessoas têm direitos. Só não pode colocar isso para que a sociedade aceite como o fato mais normal do mundo. Tenho que ter liberdade de pensamento antes da liberdade sexual de qualquer pessoa”, concluiu.

Sobre seus projetos não aprovados

Outro ponto debatido no programa foi esse. Por que, afinal, o deputado não possui muitos projetos aprovados no Congresso? Feliciano alegou que tem mais de 70 projetos apresentados em Brasília, mas denunciou que não são aprovados por que “brigou com quem governava o País” (alusão a Dilma Rousseff e o PT) e ficou marcado negativamente.

“Tenho um furo jornalístico para vocês. O Jair Bolsonaro, meu amigo, saiu nas notícias esses dias por que levantaram a vida dele e viram que não tem nenhum projeto aprovado. Por que será? Quem vai contra a onda progressista recebe um X nas costas. Nada que eu apresento é aprovado. O relator pega e rejeita só por ter o sobrenome Feliciano. Mas quem disse que estou lá só para apoiar projetos? Estou para defender meu povo”, ressaltou.

Leitura literal X leitura metafórica da Bíblia

O final do papo entrou mais na questão religiosa. Questionado sobre os ensinamentos da Bíblia, o pastor afirmou que não tem como entendê-la perfeitamente lendo sozinho. Por ser um livro “político, científico e filosófico”, exige a interferência de um “professor” com as explicações corretas. “Você é religioso?”, questionou por fim ao apresentador. “Sou espiritualista”, respondeu Edgard. “Ah esse é só um jeito mais bonitinho de falar”, brincou o parlamentar. Ele recebeu, então, um agradecimento cordial dos jornalistas – e mais uma alfinetadinha. “Não é horário de trabalho? O senhor não deveria estar em Brasília? Nós que pagamos sua passagem (risos)”.

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