Afinal, o que está acontecendo na Amazônia? Especialistas debatem principais questões
Carlos Bocuhy e Xico Graziano foram os convidados do Morning Show nesta quinta (12)
Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (12), o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles diz que o governo federal falhou na comunicação sobre a questão ambiental. “Nós falhamos na comunicação. Esse é o ponto mais importante. A comunicação das ações, daquilo que estava sendo feito e tudo mais”, declarou.
Para debater as questões ambientais, que ganharam o noticiário nacional e internacional nas últimas semanas com as queimadas da Amazônia, o Morning Show recebeu o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, e o agrônomo e ex-secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo Xico Graziano, que apontaram suas preocupações sobre o tema.
Sobre a fala de Salles de hoje, ambos concordaram que houve falha de comunicação, mas para Bocuhy isso se estende para além das queimadas.
“Acho que o ministro Salles necessita hoje de comunicação para apagar os incêndios que, de certa forma, o próprio Ministério do Meio Ambiente é responsável. Isso se deve à toda uma política adotada pelo governo em que o próprio Sistema Nacional do Meio Ambiente foi desmantelado”, disse.
Bocuhy ainda completou que as verbas destinadas ao Ministério do Meio Ambiente foram reduzidas drasticamente, causando sérios problemas de gestão nos últimos oito meses em diversos órgãos responsáveis pela preservação ambiental.
“Temos um discurso antiambiental por parte do governo, o que provocou liberalidade para alguns setores interessados na degradação ambiental. Então é natural que o ministro diga que está faltando comunicação.”
Apesar de concordar com os ruídos na comunicação entre governo e população, Graziano ressaltou que a desinformação também é responsável pela onda recente de preocupação com as queimadas florestais.
“Realmente o processo de comunicação não foi bom, mas aonde começou toda essa confusão sobre a Amazônia? Quando em uma tarde em São Paulo de repente escureceu. E algum homem ou mulher do tempo disse que aconteceu isso por causa das queimadas, e falou de uma forma chutada. Aquilo ali virou uma comoção”, disse.
Graziano ressaltou que realmente havia muitos focos de incêndio na Amazônia, assim como no serrado, e foi comprovado que as ocorrências não estavam fora da média dos últimos dez anos.
“O que estava acontecendo não era propriamente responsabilidade do Bolsonaro, que acabou de assumir e mandou botar fogo na Amazônia. Então se criou um problema de comunicação que o governo desprezou no início. Não era uma bobagem, havia um problema real. Mas o jogo político acabou potencializando uma discussão, que é importante, só que ficou turvada por um monte de informações que depois foram sendo esclarecidas.”
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