Diretores querem acabar com mitos sobre autismo: "as pessoas se assustam"
Mariana também falou de outro mito que existe no imaginário popular: “existem mitos de que eles são gênios ou de que eles são frios. Mas cada um é cada um”. Flávio destacou uma característica especial das crianças que eles retrataram no documentário: “eles não mentem. Isso é maravilhoso. Eles não entendem o sentido figurado, que pode ter sentido poético, mas também tem sarcasmo”.
Mas os diretores revelaram que também tiveram um cuidado especial para não deixar o documentário emocionante demais: “a gente não queria arrancar lágrimas. A gente queria que as pessoas convivessem e vissem que não é um bicho de 7 cabeças. Dá para inserir os autistas na sociedade, é só ter paciência”, concluiu Mariana.
Para se aproximar dos autistas, os diretores tentaram ficar bem próximos fisicamente de cada um. Eles escolheram casos bem diferentes, de graus leves até mais graves, e foram até as casas das pessoas. Mas não foi fácil: “a gente tentou conhecer as famílias antes. Fomos na casa, criamos uma relação e levamos uma equipe pequena para não incomodar e ser uma coisa natural. A gente tem pais e terapeutas no documentário, mas queria estar do lado deles. A gente queria ser recebido. Foi difícil montar o casting. Quando uma família hesitava, a gente já desistia”.
Os diretores também comentaram sobre o tratamento dado para crianças autistas no Brasil. Mariana contou que é algo caro e poucas pessoas têm acesso a uma terapia completa. O tratamento fornecido pelo Estado tem limitações: “no Estado precisa melhorar muito porque é muito pouco. Nas escolas também. Existe uma lei de inclusão, mas na prática essa lei nem sempre acontece. A escola vem com desculpas, mas ir para escola é muito importante para o autista e para os amigos”, concluiu.
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