“É um transe severo de autoconhecimento”, explica Alex Antunes sobre o chá de Ayahuasca
No âmbito das religiões e práticas espirituais, uma das que ainda causa muitas dúvidas em pessoas não praticantes é o uso do chá de Ayahuasca, mais conhecido como Santo Daime, que proporciona uma espécie de viagem ao subconsciente.
Acostumado a consumir a bebida já há cerca de 20 anos, o jornalista e escritor Alex Antunes, fala com tranquilidade sobre o assunto e comentou um pouco de sua experiência.
“Essa é uma questão que costuma causar uma certa inquietação, por estar associado ao termo droga, para curar ou de uso recreativo. Ancestralmente, o ‘transe’ surge para o crescimento pessoal, insights e uma série de percepções. Agora, claro, a gente vive em uma sociedade tensa, neurótica, então as vezes essa transição do nosso modo, dito normal, gera confusão”, explicou em entrevista ao Morning Show nesta quinta-feira (10).
O jornalista defende ainda que o uso do produto natural é feito no intuito de promover um autoconhecimento, mas sem causar vícios ou outros tipos de danos, como outros alteradores como cigarros, álcool e café, fazem.
“O que a gente sabe é que nos grupos que tem já uma certa duração eles têm sim esse cuidado, de ver se as pessoas têm algum histórico de problemas psíquicos mais graves., porque qualquer distúrbio ali é bem severo. Mas o que o chá faz é mostrar que a vida é um negócio extremamente delicado, não tem muito a ver com o que as pessoas conhecem com experiências recreativas, porque ela em geral induz em um transe severo de autoconhecimento. De fato muda sua relação com a família, com o trabalho, os amigos, altera a sua percepção do mundo, mas em geral é tido como positivo, não conduz a desequilíbrios”.
Neto de Chico Anysio
Na última semana, a misteriosa morte de Rian Brito, de 25 anos, encontrado em uma praia no norte fluminense, trouxe à tona a discussão sobre os perigos do Daime, já que seus pais alegaram que o músico teria tido uma brusca mudança de comportamento desde que se iniciou na prática.
“Ele teve, ao que consta, em 2014 em quatro sessões, o que aconteceu é que a mãe disse que depois disso ele entrou em um estado de desequilíbrio, mas tem um paradoxo aqui e que ela não quer admitir de que ele também possa ter se suicidado”, ressalta Alex.
O jornalista explica ainda que a perca de consciência não é completa e mesmo as sensações mais incômodas fazem parte do processo.
“Isso tem mais a ver com LSD, com Ayahuasca você vai e volta, aos poucos, trazendo mais para o nível consciente, você vai para outra logica, mas quando está naquela esfera, você intui com o que está lidando. Tem gente que vai e não gosta, vomita e tal, mas vomitar, por exemplo, é uma forma de limpeza”, completou.
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