‘Botamos um estagiário na presidência da República’, afirma Ciro Gomes

  • Por Jovem Pan
  • 25/06/2019 12h14 - Atualizado em 25/06/2019 12h26
Jovem Pan Ciro Gomes foi o convidado do Morning Show desta terça-feira

Em entrevista acalorada, Ciro Gomes conversou com a bancada do Morning Show nesta terça-feira (25) sobre os primeiros meses de governo do presidente Jair Bolsonaro e as recentes divulgações feitas pelo site The Intercept Brasil das supostas mensagens trocadas entre ministro Sergio Moro e procuradores da Lava Jato.

Gomes avalia que muitos dos problemas do país foram herdados por Bolsonaro de governos anteriores, mas a falta de foco atrapalha sua governabilidade. Em sua visão, a retomada do desenvolvimento deveria ser a “obsessão” do atual governo.

“O foco está profundamente errado. (…) Temos quatro motores [econômicos], mas se não fosse a interdição ideológica da nossa elite, não só do Bolsonaro, que não é culpado de não ter experiência, nunca administrou uma bodega das pequenas, nunca governou um nada e aí botamos um estagiário na presidência da República. Tudo bem, vamos aguentar agora o estagiário aprender”, disse.

Segundo Ciro, os quatro motores econômicos brasileiros que deveriam receber mais investimentos de Bolsonaro são as indústrias de gás e combustível, saúde, defesa e o agronegócio.

“Temos a agricultura e pecuária mais competitiva do mundo, mas importamos metade dos custos de produção e agora, por exemplo, estão licenciando agrotóxicos banidos na Europa. 329 princípios ativos novos foram licenciados em menos de 6 meses de governo Bolsonaro. Ele sabe disso? Não sabe, esse é o problema, é um pateta no governo, aí fica propina e suborno explicando essas aberrações”.

Bolsonaro não termina o governo

Ciro Gomes não acha que o presidente Jair Bolsonaro complete os seus quatro anos de mandato. Segundo sua avaliação, além da falta de foco, a insistência na reforma da Previdência não trará o alento econômico prometido pelo governo e isso colocará o país contra ele.

“A situação do Brasil não é culpa do Bolsonaro. O problema brasileiro é muito grave e é estrutural, que foi dramaticamente agravado com o governo Dilma. (…) Fiquei calado por 100 dias porque acho que ele merecia os meus cumprimentos e é assim que o rito democrático funciona. Bolsonaro não foi o responsável por esse descalabro, mas é o responsável para consertar e ele não tem rumo. A reforma da Previdência vai passar, mas no dia seguinte o Brasil vai cair numa ressaca, num vazio do povão mais pobre porque nada vai acontecer com a economia nem com as contas públicas”, disse Ciro.

“Bolsonaro não consegue governar. É puro palpite, eu espero muito que ele chegue ao fim do mandato, mas nós trabalhamos contra a ideia de impeachment da mesma forma que fui contra o da Dilma porque não podemos fazer com que o erro do voto seja interrompido por golpe. A Dilma era um governo desastrado, mas não cometeu nenhum crime assim como agora Bolsonaro não está cometendo nenhum crime. Quem está falando em impeachment, não conta comigo.”

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