Edney Silvestre lança livro ambientado na ditadura com protagonista misterioso: ‘Somos todos nós’

  • Por Jovem Pan
  • 15/08/2019 12h08
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Jovem Pan Edney Silvestre foi o convidado do Morning Show nesta quinta-feira (15)

Ganhador de importantes prêmios literários e ex-correspondente da TV Globo nos Estados Unidos, Edney Silvestre lança o seu quinto romance, “O Último Dia da Inocência”. Inteiramente ambientado num único dia, 13 de março de 1964, a trama apresenta um protagonista sem nome.

“Somos todos nós, os desamparados, independentemente de coloração ideológica. Quando os poderosos decidem se o dólar vai cair ou subir, isso nos afeta, eles afetam a vida das pessoas que amamos”, explicou Silvestre sobre o seu personagem central durante entrevista ao Morning Show desta quinta-feira (15).

Para remontar o passado, o jornalista buscou avidamente por ele numa vasta pesquisa. “A contextualização, por mais que eu tire [algo] na hora conforme vou editando o livro, ajuda a situar quem lê”, disse.

Em 1964, Edney Silvestre tinha 14 anos. “Eu era secundarista, estava em Valença [RJ] e lá a política ecoava muito longe. Havia troca frequente dos donos do poder em Valença, mas eu não entendia nada de política. No colégio havia muitos ativistas, mas aquela agitação não começou em 64, veio de muito antes”, lembrou, relembrando o jogo político da época, que culminou na renúncia de Jânio Quadros e na ascensão de João Goulart à presidência da República.

E há alguma semelhança entre 64 e 2019? “Os paralelos que talvez existam é que, nesse momentos, temos uma divisão, um confronto entre ‘esquerda’ e ‘direita’, mas naquele ano a situação era muito peculiar e parecia inescapável”, disse, reforçando o uso das aspas para descrever as ideologias políticas.

Abertamente apaixonado pelo jornalismo e a prática da profissão, Silvestre descreveu a atual situação da imprensa brasileira citando o clássico “A Roupa Nova do Rei”.

“Nós somos os malucos que gritam ‘o rei está nu’ e o rei, ao invés de demitir os seus assessores que deixaram ele pelado no meio da rua, manda cortar nossas cabeças ou nos amordaçar.”

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