Ex-capitão da ROTA e ativista dos direitos humanos concordam: intervenção no RJ não vai funcionar

  • Por Jovem Pan
  • 09/03/2018 11h54
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Johnny Drum/Jovem Pan Ex-capitão da ROTA e ativista dos direitos humanos debateram a segurança pública

Tudo levava a crer que o Morning Show desta sexta-feira (9) seria quente. Paulinha Carvalho inclusive estabeleceu #Morning40graus como a hashtag do dia. Acontece que foi bem mais tranquilo do que todos imaginavam. Surpreendentemente, os convidados Conte Lopes (vereador na cidade de São Paulo e ex-capitão da ROTA) e Ariel de Castro Alves (advogado e militante pelos direitos humanos) concordaram em muitos pontos sobre a questão da segurança pública. Ambos acreditam, por exemplo, que a intervenção militar do Rio de Janeiro não vai funcionar.

Para Ariel, a intervenção foi apenas uma atitude política tomada pelo Governo Federal na tentativa de mostrar serviço à população. Ele entende que se trata de uma ação emergencial que pode, sim, gerar uma sensação instantânea de segurança, mas ressaltou que na prática ainda não foram observados resultados efetivos. E ao que tudo indica nem devem ser.

“Gera uma sensação de segurança ver soldados na rua. Mas mesmo assim houve invasão do PCC na Rocinha, mortes, sequestros de reféns. Enfim, continua igual. Até a ONU se manifestou criticamente dizendo que o Exército não tem capacidade de atuar no policiamento ostensivo. Eles poderiam se atentar mais nos policiais dominados pela corrupção. Na atuação das milícias. No tráfico”, disse. “É importante ter trabalho de inteligência. Colocar soldados para revistar não adianta nada. Tem que pegar os chefes do tráfico que estão no Leblon, na Barra da Tijuca, em Brasília”, completou, recebendo o apoio do vereador.

“Tanque de guerra não pega criminoso. Não pega traficante. Se não invadir o morro com polícia e investigação, não funciona. Tem que ficar a semana toda na favela até pegar os bandidos. Tirar a farda e ficar lá até achar. Isso eu nunca vi acontecer. Não faço discurso político, faço discurso prático. Mas tem que dar condições de trabalho à polícia. Pegam um garoto de 18 anos que não sabe nem atirar e mandam para lá? Não é assim”, afirmou Conte.

Esse por sinal foi outro ponto de sintonia entre os convidados. O ativista defendeu a desmilitarização da polícia militar e a unificação das polícias brasileiras, como funciona em países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos. Para isso, segundo ele, seria necessário fazer uma reforma no aparato da polícia civil, “campeã” em termos de corrupção, e na militar, onde mais se encontram casos de violência e abuso.

“A polícia civil foi abandonada ao longo dos anos. Muitos distritos não tem as menores condições de funcionamento. Falta estrutura. E os ‘praças’ são muitos mau tratados. Existe uma hierarquia em que oficiais têm excelentes salários, mas o soldado da rua, o cabo, não tem condições de trabalho. Isso vai refletir no tratamento que eles vão dar na população”, contou Ariel.

“Ele tem o discurso do direito, o meu é de policial. E pelos 50 anos que vivo como polícia, sou obrigado a concordar. Estamos perdendo a guerra. Está na hora de unificar. Goste ou não. Brasília tem que tomar essa atitude. Hoje se pega o bandido com arma, dinheiro, carro. Só que a delegacia não tem nada! O delegado quer agir e não consegue. O povo está se ferrando”, afirmou Conte.

Mas obviamente também existem discordâncias nos discursos dos dois. Elas apareceram quando o debate tratou do desarmamento, da legalização das drogas e da regeneração de criminosos, por exemplo. Confira:

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