Ex-VJ da MTV, Cuca revela luta contra depressão: "pedi para morrer"

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2018 11h46
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Johnny Drum/Jovem Pan Apresentadora esteve no programa ao lado do psiquiatra Jair Mari

Os que fizeram parte da época áurea da MTV, especialmente entre os anos 1990 e 2000, com certeza se lembram de Cuca Lazzarotto. Ela foi uma das apresentadoras mais populares da emissora, onde esteve à frente do Disk MTV, por cerca de seis anos. Em seguida fez participações na TV Globo, no Disney Channel, na TV Brasil e na TV Cultura. Apresentou ainda transmissões de festivais renomados, entre eles o Rock in Rio. Até que deixou a televisão para abrir uma empresa de produção com o marido. Esse afastamento, aliado a outros acontecimentos, fez com que desenvolvesse um quadro severo de depressão. Nesta quarta-feira (6), ela, cujo nome verdadeiro é Regina Paula, abriu o jogo e falou abertamente pela primeira vez em entrevista à Jovem Pan.

“Eu estava em período de muito trabalho em 2014, muito cansada. Trabalhava sete dias por semana. Não parava. Até que percebi que estava absolutamente esgotada. Tinha dor no corpo inteiro. Vivia tomando anti-inflamatório e analgésico para conseguir dar conta. Estava cansada, exausta, sem energia para viver, falar ou estar com ninguém. Aí procurei uma grande amiga que é psicóloga. Ela me disse que eu não estava legal e precisava me tratar. E me encaminhou para uma pessoa delicada que me acolheu. Comecei terapia. Estava indo bem, tentando melhorar. Aí minha mãe morreu”, contou.

“Eu divido as pessoas em quem conhece essa dor e quem não conhece. Piorei muito. Estava há um ano na terapia e minha psicóloga disse que eu não ia conseguir. Ela via que eu fazia uma força imensa, tinha fé, era sensível, mas não conseguia. Disse que meu diagnóstico era de depressão crônica. De longa data, desde a infância. E me orientou a procurar um psiquiatra para tomar remédio. Disse ‘está em um ponto grave, tudo bem, não precisa conseguir sozinha’. Isso foi outro choque para mim: tomar remédio”.

O fundo do poço e a aceitação da doença

Sem conseguir dormir, comer ou fazer qualquer tipo de atividade normalmente, resolveu superar o preconceito e marcar com um psiquiatra. Coincidentemente, na noite anterior à consulta, passou por um dos piores momentos de sua doença. Aconteceu devido a um desentendimento com o marido, que ele tinha dificuldade para entender sua condição.

“Naquela noite eu joguei a toalha. Conversei com Deus e disse para ele que não queria mais. Deu para mim. Não vou fingir que consigo porque não consigo. Não pensei em tirar minha vida porque acredito que não tenho esse direito. Mas pedi para morrer. Pedi mesmo”, desabafou.

Ela foi à consulta e fez uma longa bateria de exames, em seguida recebeu a receita da primeira medicação. Isso ajudou nas dores, mas não mudou em nada suas insônias e seu estado mental. Voltou ao médico e recebeu, então, a indicação de mais duas medicações, um para dormir e um anti-depressivo. Foi aí que começou, aos poucos, a melhorar.

“Quando disseram que eu precisava de remédio, a sensação da descoberta da doença teve dois lados. Um horrível de ‘eu sou doente’. Outro de ‘que bom, isso tem explicação’. Eu não era louca, chata, fraca, burra, ou outras coisas que ouvi e senti a vida toda. Puxa, que alívio! Se tiver que tomar o resto da vida vou tomar. Não quero voltar naquele lugar”, afirmou.

Como a saída da TV piorou seu quadro

Anos e anos atuando nas telinhas fez com que a apresentadora se acostumasse com o cotidiano de uma figura pública. E, como todo tipo de mudança drástica, a saída desse contexto afetou o desenvolvimento de seu quadro de saúde.

“Com certeza agravou. É difícil lidar. Não com a perda da fama, pois considero que tive uma fama bem moderada. Fiz TV por muito tempo, mas nunca uma TV de alta exposição. Mas foi muito difícil perder aquele dia-a-dia de trabalho e perder o que vinha junto. Vários bônus que vinham junto. A exposição em si eu nunca busquei, só aconteceu. Virou minha vida, meu ganha-pão. Eu gostava. Quando deixou de existir, veio o pacote de perdas e frustrações. Tentei voltar e não conseguia. Mas qual era minha disposição realmente para voltar? Sou competente, mas cadê a minha vida? Como eles iam colocar alguém sem vida no ar? Eu me olhava no espelho e não me via. Tinha um olhar morto”, contou.

“Entrei em um nó enorme com tudo isso e quis estar aqui para falar pela primeira vez. Resolvi abraçar a causa. Esse problema é muito grave mundialmente. As pessoas ainda não respeitam, não reconhecem. Eu demorei tempo demais para assumir que estava doente. Falar pode ajudar outras pessoas”, finalizou.

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