“A gente esqueceu de pensar as relações”, analisa atriz Camila Márdila, de “Que Horas Ela Volta?”
A atriz Camila Márdila, intérprete de Jéssica no filme “Que Horas Ela Volta?”, e a empregada doméstica Teresinha Silva dos Santos participaram do Morning Show desta quinta-feira (17) para debater a situação de trabalhadores no Brasil a partir da perspectiva do filme da cineasta Anna Muylaert.
“Quando eu vi o filme, achei que traria uma cutucada de como a gente esqueceu de pensar as nossas relações”, falou a artista. De fato, o filme tem suscitado uma série de debates sobre a legitimidade e necessidade da contratação de pessoa para servir cafezinho, pegar um copo de água, apagar as luzes e outras atividades consideradas como servidão.
O longa-metragem que retrata a vida de Val (Regina Casé), que deixa a filha no nordeste para trabalhar numa casa de família e que se surpreende com a visão da garota sobre sua condição na sociedade após reencontrá-la anos depois. Camila relatou que em festivais estrangeiros, onde o filme foi exibido, os espectadores estranharam a existência de empregados que dormem no próprio emprego. “Muita gente perguntava, ‘nossa isso ainda existe?’. Era uma reação muito forte”, falou.
Emocionada, Teresinha contou sua trajetória para a equipe de Edgard Piccoli. “Hoje está bem melhor, antigamente era bem ruim e eu me sentia como escrava. Deixei minha filha no norte para minha mãe criar. No final ela se revoltou contra mim achando que tinha abandonado ela”, relatou. “Me sinto orgulhosa em ter um trabalho honesto e que é um dinheiro limpo que ganho final do mês e sou feliz assim”, completou.
“Que Horas Ela Volta?” vai representar o Brasil para concorrer ao Oscar, conforma anunciou o Ministério da Cultura recentemente. Antes, passará por uma triagem da academia para que, possivelmente, entre na lista final com cinco películas na categoria de “filme estrangeiro”. “Nunca vi tanta gente ficar tão torcedor e ativo para divulgar”, citou Camila Márdila.
Regulamentação
Advogada trabalhista Fabíola Marques participou do programa por telefone e falou dos avanços dos direitos dos empregados domésticos. “A gente pode dizer que a evolução ocorre a passos muito lentos, já que a Constituição Federal de 1988 já garantia direitos aos empregados domésticos, especialmente as empregadas porque no Brasil as mulheres são 93% do total”, citou.
“Só recentemente que os empregados tiveram uma equiparação efetivas com os demais empregados, antes eram subempregados que não tinham fundo de garantia e outros direitos”, considerou.
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