Historiadora diz que brasileiros sempre tiveram tradição em protestar nas ruas
Grande parte da população acredita que o brasileiro começou a “acordar” para os protestos com as manifestações realizadas em 2013 contra o aumento da tarifa dos transportes. A historiadora Mary Del Priore revelou, no Jovem Pan Morning Show desta quinta-feira (2), que protestar sempre foi uma tradição do povo brasileiro desde a formação da sociedade. Ela ressaltou que o que faltou e falta até hoje é todos pensarem como Brasil.
“Nós temos uma tradição de ir às ruas e protestar. Não temos a tradição de pensar como Brasil. Essa sinergia tão bacana que nos permite se olhar é o que falta na política. Falta casar um ideal e uma agenda”, comentou.
Del Priore, que está lançando o livro “Histórias da Gente Brasileira – Volume 1: Colônia”, mostrou que a corrupção que está instalada como um câncer no sistema político brasileiro vem desde os seus primórdios do império.
A obra aborda as diversas nuances da época da colônia, apresentando fatos que abordam a “terra e o trabalho”. O Brasil sempre teve uma política de troca de favores, segundo a professora. Ela deu o exemplo da carta escrita por José Bonifácio após ser exilado por Dom Pedro I, que revelou o quanto o governo brasileiro era cobrado pelos donos de engenhos de café para obter favores.
Serão quatro livros sobre a história do nosso país, onde terminarão nos dias de hoje. Todos mostrarão que o Brasil continua sendo um país de pobreza extrema e que sempre possuiu uma forte ligação com a religiosidade. “É por isso que homens como Cunha tem esse espectro. A religião teve um papel fundamental no país desde a colônia”, explicou.
Com todo o seu conhecimento histórico, Mary Del Priore enfatizou que a escola é o único meio de salvar o país. Para ela, muitas pessoas não conseguem entender com clareza os diversos problemas que o Brasil enfrenta por conta da falta de escolaridade. “A escola abre portas e vias para outros mundos para reconhecer o imposto embutido entre estado e população. Enquanto não houver escola, não terão como entender o que está acontecendo”, concluiu seu pensamento.
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