“Identidade de gênero ou sexualidade não define caráter”, diz terapeuta Paula Napolitano

  • Por Jovem Pan
  • 03/03/2016 12h16
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Bruna Piva / Jovem Pan <p>Jovens participaram do programa nesta quinta-feira (3)</p>

Com a velocidade das informações e diversos estudos sobre comportamento, já não cabem mais espaços para que preconceitos prevaleçam. Para falar um pouquinho sobre neutralidade de gênero, a terapeuta sexual Paula Napolitano participou do Morning Show nesta quinta-feira (3). “Essa discussão é muito importante para nós enxergamos um pouco fora da caixa, dos padrões estabelecidos de senso comum”, ressaltou.

Com ela também estavam dois jovens, ambos de 18 anos, que se classificam como neutros e não gostam dos rótulos e classificações quanto à sua identificação de gênero.

“Quando eu nasci, era uma menina, durante a minha vida toda as pessoas se referiam a mim como menina, mas teve um ponto da minha vida em que eu pensei ‘não me identifico exatamente com isso’, mas também não como homem, aí fui buscar um termo, lá para 2013 comecei a descobrir na internet pessoas que também não se encaixavam. Não estamos entre homem e mulher, é uma coisa a parte. Ai comecei a me encontrar”, revelou Flá.

Assim como Flá, El, também nasceu de forma que não se reconhecia e só na adolescência foi que pode compreender: “Fui identificado homem, aí comecei a ter uma certa ansiedade em descobrir quem eu era, me ocorreu a ideia de andrógeno e comecei a pesquisar sobre isso, foi aí que percebi que não sou uma mulher, não sou um homem, sou algo que não se encaixa nesses padrões”, definiu.

Como o assunto é relativamente novo, ele ainda gera muitas dúvidas em quem está de fora deste grupo, como, por exemplo, quanto à sexualidade, já que identidade de gênero é uma vertente e sexualidade outra.

“Minha neutralidade vai para a sexualidade, mas não é uma regra, você não ser binária não define o que os outros são e como eles se relacionam”, ressaltou El, seguido pela colega: “A expressão de gênero da pessoa é diferente da sexualidade. Com o que eu me identifico não determina por quem eu vou me sentir atraída, então a bi é uma pessoa que é atraída por homem ou mulher, mas isso não diz que a pessoa se sinta diferente”.

A terapeuta explicou que o termo já existe em outros lugares do mundo e que é mais natural do que a maioria das pessoas pensam e que o preconceito tem que ser combatido com instrução e empatia.

“Isso tem como existir, várias culturas já tem este artigo ‘neutro’, são coisas que de fato são culturais. Tudo o que é novo e o que a ameaça a identidade e a crença da pessoa, ela rejeita. Mas vale lembrar que independente de identidade de gênero, de sexualidade, isso não tem a ver com caráter, com quem ela é, então confundem muito isso. Tem que tentar se colocar um pouco no lugar das pessoas. Isso pode não ser um problema com você, mas leva para as outras áreas da sua vida e pensa como as pessoas que estão vivenciando isso estão sofrendo. Se coloque em outras situações, isso ajuda um pouco nesse sentido de que todos somos seremos humanos e queremos amar”.

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