Monja Coen e filósofo Clóvis Barros falam sobre importância do diálogo apesar de divergências
Conhecida pelos ensinamentos budistas em vídeos, palestras e encontros, Monja Coen e o professor e filósofo Clóvis Barros, estiveram no Morning Show desta terça-feira (6) para falar sobre o livro “A Monja E O Professor: Reflexões Sobre Ética, Preceitos E Valores”, em que debatem por meio da escrita questões atuais e pertinentes a vida em sociedade.
A reflexão e o diálogo são importantes para a vida em sociedade e, para Barros, mesmo os campos de reflexão diametralmente opostos podem se complementar e são conciliáveis. Sobre a parceria com a Monja Coen, agradeceu enfaticamente a oportunidade de escrever com uma das representantes do Zen Budismo. “Foi absolutamente encantador poder dialogar com a monja, pude aprender infinitamente, somos todos fãs da monja, e, na condição de fã, tive a honra que a editora me proporcionou de fazer esse diálogo, de ver isso publicado e ver minha imagem e meu nome na capa ao lado do dela, e isso não tem preço. Estamos lado a lado”, disse.
Para Coen, não há conflito de ideias divergentes, mas sim uma convergência de linguagens diferentes. “Quando fui falar com ele me senti muito bem recebida, temos pensamentos semelhantes que vem de linguagem diferentes. Eu não vejo conflito, embora tenhamos polaridades oriente e ocidente”, comentou.
Os convidados também dialogaram com a bancada do Morning sobre a influência das redes sociais na dificuldade de diálogo, em especial durante as eleições, “Será que no momento em que discutem política [as pessoas] pensam no país ou pensam em questões pessoais? Será que saíram do ‘Pequeno Eu’? Ao que Freud chama de Ego? Será que as ideias que temos demonstrado são nossas? ”, refletiu Coen.
Para Barros, a internet enquanto técnica promove todo tipo de reação. Ele discorda, entretanto, da ideia de que as redes sociais revelam posicionamentos que já existiam: “Eu acredito que toda vez que surge uma nova técnica, ela, ao mesmo tempo, dialoga com uma realidade pré-existente e faz surgir algo que não existia antes […] é evidente que com todas essas informações nos bombardeando, nós acabamos produzindo discursos que não teríamos sem essa técnica. A técnica não é passiva, ela faz surgir coisas”.
Ainda sobre encontrar convergências diante das diferenças, Barros concluiu apostando no reconhecimento do outro como um ser humano para balizar a vida em sociedade. “Que tipo de efeito o mundo produz sobre você? Essa análise do que acontece com você pode permitir a você um conhecimento melhor sobre si mesmo. Acredito que se há algo para se conhecer sobre nós é a maneira como nos deixamos afetar pelo mundo. Não podemos ter a pretensão de que aquilo que vale para você valerá para o outro”, pontuou.
“A nossa vida, para se realizar como vida humana, implica e necessita de convivência. Para alguém que não se relaciona de jeito nenhum, evidentemente falta a ele ou ela sua humanidade. Antes de mais nada somos humanos e, sendo humanos, só completamos nossa humanidade a partir do reconhecimento do outro de nós como tais”, acrescentou.
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