“O Castelo é a prova de que um produto de qualidade para crianças pode ser comercial também”, diz Cao Hamburger

  • Por Jovem Pan
  • 29/10/2014 10h52
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Amanda Garcia/Jovem Pan <p>Cao Hamburger falou sobre seu novo programa infantil</p>

O cineasta e roteirista brasileiro Cao Hamburger é o responsável pela série infantil de sucesso dos anos 90 Castelo-Rá-Tim-Bum. “O Castelo é a prova de que um produto de qualidade para crianças pode ser comercial também”, contou ele durante sua participação no programa Morning Show desta quarta-feira (29).

Segundo Cao, foi criado três projetos para o Castelo. “Como a gente costuma dizer: ‘99% de transpiração e 1% de inspiração’”, brinca. “Era uma demanda da TV que queria um programa nesse perfil. A ideia era fazer um Rá Tim Bum 2, depois a gente fez e todo mundo achou que era legal fazer um novo. Daí criamos um projeto gigantesco maior que o Castelo, mas era muito caro. Então criamos o Castelo, um segundo projeto”.

Para o cineasta, durante muitos anos as emissoras não investiram mais em um programa infantil de qualidade por ‘medo’ de se arriscar. “Acho que ninguém percebeu isso, ou não quiseram arriscar porque depois do Castelo tem muitos poucos programas infantis de qualidade”.

No dia 10 de novembro, Cao se aventura em um novo projeto infantil: Que Monstro Te Mordeu?, também na TV Cultura. “A história se passa no monstruoso mundo dos monstros. Os temas principais são os nossos sentimentos e nossos medos. Não é um programa de medo, é um programa muito alegre, pra cima. É um programa que a gente acha que é muito contemporâneo”, afirmou.

Que Monstro Te Mordeu? contará com 50 episódios para a televisão e 50 episódios para a internet e as novas mídias. “Pode ser consumido nessa loucura que é o áudio visual atualmente, mas fala de coisas muito básicas do ser humano”.

Questionado sobre o fascínio de Cao no universo infantil, ele ressalta: “Acho que o que me fascina é olhar o único pelos olhos das crianças. É um ponto de vista que acho interessante, é mais fresco, mais curioso, mais surpreendente. Essa série explora o olhar da criança em um mundo tão complexo, em um olhar mais inocente. Eu fui criança, meus filhos foram crianças então acho que é mais se colocar nessa posição de estar olhando pela primeira vez”.

Em 2006 Cao tornou-se um cineasta respeitável no Brasil com o filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. O longa recebeu uma série de premiações e uma indicação ao Urso de Ouro do Festival de Berlim, em 2007.  O filme retrata a história de um menino de 12 anos que é separados pelos pais na ditadura militar no Brasil e é acolhido por uma comunidade judaica. “Talvez não tenha sido tão difícil porque foi mais ou menos o que eu vivi. Não fui parar no Bom Retiro, mas vivi coisas muito parecidas”, desabafou.

Seu último trabalho no cinema, em 2012, Xingu, foi filmado na Amazônia. O longa conta a história dos irmãos Villas Boas, idealizadores do Parque Nacional do Xingu. “Eu já estava trabalhando no filme há dois anos com pesquisa, mas quando fui pAra lá entendi o filme que estava fazendo, a responsabilidade. É um choque brutal, é uma civilização diferente da nossa.  Os próprios atores deram uma aula para a gente. Para eles entrarem no registro do que os índios fizeram foi uma aula de interpretação para eles”, concluiu.

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