O outro lado do paraíso? Série retrata tragédias com trabalhadores na construção de Brasília

  • Por Jovem Pan
  • 20/04/2018 11h40
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Johnny Drum/Jovem Pan Diretora do History e ator contaram detalhes de "Mil Dias"

Não, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Mas o título da novela da TV Globo, O Outro Lado do Paraíso, pode ser usado como referência à Mil Dias: A Saga da Construção de Brasília, novo seriado do canal History. Como o nome sugere, a produção faz um retrato da época em que a capital foi construída. Só que não se trata de “mais do mesmo”. Desta vez, o plano principal não é o trabalho dos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e nem a corrupção da classe política. O foco é mostrar quem eram e como eram os trabalhadores que executaram as imensas obras no local: os chamados “candangos”, moradores de outras regiões que, atraídos pela oportunidade, migraram em meio a inúmeras dificuldades para participar de um momento histórico.

Nesta sexta-feira (20), a diretora de conteúdo da emissora Krishna Mahon e o ator Bruno Bellarmino estiveram na bancada do Morning Show para detalhar o projeto. “Desde o começo, achei interessante por essa perspectiva de colocar pessoas comuns. O meu personagem mesmo. O mote dele é realizar seus sonhos. Imagina como deve ser explorar um lugar que só tinha mato? Quem foi para lá foi motivado por sonhos deiversos e tentou concretizar isso no meio do nada… Imagina a dificuldade! Chegar para a família e falar ‘olha, vou me embrenhar no meio do mato para construir uma nova cidade’? Ninguém botava fé que daria certo em tão pouco tempo”, disse ele.

No seriado, Bruno, presente também no sucesso da Netflix 3% e na global Carcereiros, interpreta o topógrafo Heitor, rapaz que, segundo a sinopse, traz consigo o sonho de muitos brasileiros da época de se reconstruir e prosperar com o nascimento da capital. Para criá-lo, o ator disse que estudou a história a fundo e conversou com diversas pessoas que de fato participaram daquela construção. Entre eles, lembra de um depoimento específico que o emocionou e guiou toda sua interpretação dali para frente.

“Uma das cosias que ouvi lá atrás em minhas pesquisas foi a história curiosa de um sujeito que foi para Brasília ainda adolescente e trabalhou. Ele disse que havia vários conflitos dos trabalhadores com a polícia. E que, no meio daquele lago que tem na região, existia um cemitério clandestino de pessoas que foram assasinadas. Até hoje ninguém fala nisso, não teve nenhum culpado de nada. Fiquei em choque. Caramba, que coisa. Olha que tremenda injustiça. Essa história me veio muito forte. Ali deixei a coisa mais onírica de lado e fui para a realidade”, contou.

“A gente mesclou muito bem isso de ficção e realidade”, completou Krishna. “Foi um ponto maravilhoso dos roteristas. A gente tinha tanto material de arquivo que pode criar personagens fictícios baseados em depoimentos reais. Tudo que está na série tem em algum depoimento. É muito bacana ter esse equilíbro”.

A diretora não quis dar muitos spoilers, mas revelou ainda outro tema relevante da trama: o feminismo. “A gente começou esse projeto em 2014 e sem querer virou um momento mesmo de falar sobre esperança, feminismo, vários assuntos. Falamos, por exemplo, sobre a arquiteta que trabalhou na equipe do Lúcio e passou por várias coisas que são discutidas hoje. É muito legal um projeto calhar com assuntos que estão em voga. Estamos desesperançosos, tomados por uma ‘síndrome de vira-lata’ que a série pode ajudar a tirar. Nós, brasileiros, conseguimos fazer coisas inacreditáveis quando a gente se une e acredita em um ideal”, concluiu.

Mil Dias: A Saga da Construção de Brasília estreia neste sábado (21) no History.

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