"O preconceito não é só no esporte", diz Daiane dos Santos sobre racismo

  • Por Jovem Pan
  • 08/06/2015 11h17
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Jovem Pan

Nesta segunda-feira (8), a ex-ginasta olímpica Daiane dos Santos, em sua participação no Morning Show falou sobre sua carreira como atleta desde o começo e destacou que não foi prejudicada por ter começado a treinar seis anos depois do usual, pelo contrário, ela aproveitou melhor sua infância. Entretanto, nem tudo é perfeito, porque, ainda de acordo com ela, ser uma atleta de várias medalhas não a poupou de sofrer preconceito racial no Brasil: “não sofri preconceito nas competições, mas em meu país. O preconceito não é só no esporte, é fora do esporte e deve ser levado com seriedade em todas as suas formas”.

Para a glória do esporte, entretanto, essas situações não se sobressaíram ao seu talento. Com um começo que foi nada intencional, visto que ela não tinha pretensão de ser atleta até ter sido descoberta, Daiane se tornou uma das maiores ginastas da história do esporte no Brasil. “Eu fui descoberta num parquinho. Eu ficava perto de um centro de treinamento, a professora me viu e convidou para fazer um teste. Aí foi aquela coisa de encher o saco dos pais: ‘deixa, deixa’”, lembrou a ex-ginasta, que atualmente trabalha como educadora física.

Daiane falou também que ser hiperativa é extremamente importante para as crianças que desejam desenvolver uma carreira na ginástica artística, justamente por ser um esporte que exige muito. “Aquela criança que fica correndo e pulando o tempo todo a gente adora pegar para treinar”, brincou a educadora. No final do bate-papo, ela inclusive brincou com o fato de falar muito, dizendo fazer parte de sua hiperatividade.

Além disso, ela também revelou ser muito importante que o atleta de ginástica artística não tenha medo, no que diz respeito a machucados e lesões, até porque com todos os saltos também acontecem muitas quedas e acidentes, inclusive quando o atleta já é mais experiente. E, mesmo quando a criança tem o tipo ideal, Daiane conta que existem lições que só a experiência ensina: “a gente tem que ensinar para as crianças é que um dia você vai ganhar e no outro vai perder. Se para o adulto já é difícil, imagina para a criança. A vida também é assim. Até entender que é assim, faz parte, é difícil”.

Ainda sobre as características essenciais ao atleta, Daiane dos Santos aproveitou para desmentir um grande mito que ronda a ginástica artística: “Muita gente falava que quem faz ginástica fica baixinho, mas óbvio que isso é um mito. Quem faz basquete fica alto? É uma questão genética. Mas a criança que é alta tem uma dificuldade, porque a gente lida muito com gravidade e perde um pouco da agilidade”, destacou a ex-atleta.

Atualmente, ela cuia de seu projeto Brasileirinhos, que busca dar um caminho para uma vida melhor para crianças que moram em comunidades e cidades carentes, o que ela só conseguiu fazer quando parou de competir. “O Brasileirinhos sempre foi um sonho meu, mas competindo não tinha como fazer isso. Porque eu queria viver o projeto. O foco é a ginástica como inclusão social, não transformação de atletas. Trazer uma nova esperança para essa criança que precisa de um carinho e uma atenção, e viver isso no esporte é incrível”, explica.

Para a grande iniciativa, uma possível inspiração pode ter sido o piloto Ayrton Senna, quem também desenvolveu em sua vida projetos sociais que perduram mesmo mais de 20 anos após a sua morte. “Na verdade eu tenho um ídolo do esporte, que nem é da ginástica e é o ídolo de vários atletas que é o Ayrton Senna. Não por ele ter sido um excelente piloto, mas pelo que ele fez por fora das pistas, pela pessoa que ele foi”.

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