Processado no Paraguai, humorista não se abala: "a piada está intimamente ligada à desgraça"

  • Por Jovem Pan
  • 28/06/2016 11h44
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Eduardo Mainardi/Jovem Pan <p>Morning Show desta terça-feira recebeu os humoristas Paulo Bonfá e Fabiano Cambota</p>

O Morning Show desta terça-feira recebeu dois convidados bastante especiais. Os humoristas Paulo Bonfá e Fabiano Cambota, que a partir de 1º de julho começam a rodar a cidade de São Paulo com o evento Risadaria, participaram do programa matinal da Rádio Jovem Pan e falaram, dentre outros temas, sobre um assunto um tanto quanto polêmico: os limites do humor.

Cambota, que tem até enfrentado um processo no Paraguai por comentários feitos sobre o país sul-americano, foi bastante didático em sua análise. De acordo com ele, é necessário entender que, para existirem, as piadas precisam tratar de situações que necessariamente abordem o insucesso de terceiros.

“Se alguém fala ‘eu te amo’, você dá um sorriso. Já se alguém tropeça, você cai na gargalhada. A piada está intimamente ligada à desgraça. É uma condição para que ela aconteça. Não há piada no mundo em que alguém não se dê mal”, afirmou o comediante. “O Chico Anysio mesmo dizia: ‘para a nossa sorte, o mundo é cheio de problemas'”, acrescentou.

Mesmo assim, Cambota admitiu que, no Brasil, há uma certa limitação do humor. E ela, segundo o comediante, é definida pelo próprio público – que, por característica, não gosta de certos tipos de brincadeiras. “Não gostamos de piadas ofensivas. Isso faz parte da nossa natureza. Somos um povo que se sensibiliza muito com o oprimido. E eu me encaixo neste perfil”, explicou.

O processo que o humorista encara no Paraguai não foi provocado por uma piada em si. Durante um comentário feito recentemente, Cambota brincou com o fato de os paraguaios, conhecidos pela comercialização de produtos falsificados, verificarem a legalidade de cédulas de real na entrada de brasileiros no país.

Isto bastou para que a nação paraguaia se revoltasse com o brasileiro, que teve a brincadeira exibida ao vivo por uma TV local e foi processado. Com o julgamento do caso bastante adiantado, ele honrou a profissão e fez graça do ocorrido. “Os processos são um upgrade que os humoristas têm. Eu posso me gabar que tenho um”, encerrou.

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