Psicóloga critica naturalização de gêneros: "não é algo bom de se fazer"

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O atentado a boate gay “Pulse” no último fim de semana deixou 49 mortos e foi motivado por conta de um preconceito velado do norte-americano naturalizado afegão Omar Mateen contra homossexuais. Segundo a psicóloga Paula Napolitano, a “naturalização” de conceitos, como por exemplo dizer para crianças que homem não chora, ou que mulheres são sempre mais sensíveis pode colaborar para que casos assim ocorram.

As autoridades americanas contam que Mateen frequentava a boate gay e que também estava presente em diversos aplicativos e páginas para homossexuais, o que levantou a suspeita dele ter um sentimento reprimido dentro de si, que acabou culminando num ataque de ódio por querer matar “parte de si”. Napolitano acredita que não podemos generalizar em achar que um ato desse seja explicado pelo homem não aceitar a sua homossexualidade.

“Eu acho que não podemos generalizar. Em alguns casos isso acontece. Pessoas que vivem em conflito consigo mesmo e que não se aceitam, atacam para não entrar em contato com tudo isso. Não são todas as pessoas homofóbicas e que matam que sentem esse prazer homossexual”, explicou.

Nesse ponto que a psicóloga entra no ponto da naturalização das coisas, principalmente na infância. Paula lembra de conversas de pais com filhos, de que homem não pode chorar, mostrando que só pelo fato dele ser um menino, não poderia ser alguém sensível e sentimental. Isso fica, de forma velada, na mente da criança. Ela acaba crescendo tentando evitar demonstrar que não é sensível, mesmo que ele queira ser.

“É cultura de naturalizar as coisas. Os homens são naturalmente mais agressivos, mulheres são naturalmente mais sensíveis. Isso não é algo bom de se fazer. Desde pequenos vemos isso, de que homem não pode chorar. É algo visto como negativo e ruim. Isso começa a mudar quando a sociedade começa a aceitar que isso é algo normal”, conta.