‘Quando tem talento em cena é muito fácil dirigir’, diz Murilo Benício sobre estreia atrás das câmeras

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2018 12h16
Johnny Drum/Jovem Pan Murilo Benício foi o convidado do Morning Show desta terça-feira

Murilo Benício agora também pode colocar “diretor” em seu currículo. Para o seu primeiro projeto, ele escolheu a obra “O Beijo no Asfalto”, de ninguém menos que Nelson Rodrigues. Uma escolha, indiscutivelmente, ousada. Com grande elenco – Lázaro Ramos, Fernanda Montenegro, sua esposa Débora Falabella e muito mais -, o longa mistura a peça de teatro com metalinguagem, em uma obra que mostra o processo criativo de uma produção.

“Eu acho que o Nelson usava o preconceito para falar do preconceito, era inteligente, na época causava um barulho grande, a Fernandona falou que na estreia [da peça] as pessoas levantavam e protestavam em nome da família brasileira, acho que a gente acostumou com o Nelson num lugar, mas na época era muito ácido, pessoas não engoliam muito, era barra pesada”, avaliou em entrevista ao Morning Show.

Em sua primeira empreitada na direção, Murilo teve grande elenco nas suas mãos. “Quando tem talento em cena é muito fácil dirigir”, classifica. Ele ainda brincou: “Tem gente que a gente não dirige, não quer falar o texto não fala”.

A trama traz a história de um homem que concede um beijo como o último desejo de um rapaz que foi atropelado. No momento do beijo, no entanto, um jornalista tira foto e a usa para vender jornais. Murilo garante, porém, suas “intenções são muito menores que a provocação ou falar de um beijo”.

Murilo afirmou que sentiu a necessidade de “dar acesso para as pessoas verem Nelson Rodrigues”. “A gente tem uma coisa esquisita de esquecer de quem foi importante para a nossa história, se perguntar para um jovem, a menos que esteja ligado em cultura, ele não sabe, não mantemos Nelson vivo”, disse.

Nelson aprovaria?

Quando questionado se Nelson Rodrigues aprovaria sua obra, Murilo é direto: “Não sei”. “Acho que ele ia gostar, é uma linguagem moderna que na época não existia, a metalinguagem, aqui no Brasil acho que nunca fizeram, existem alguns filmes por aí que é um teatro encenado e filmado, minha relação com os atores, o que eu ganhei é a relação com os atores, sendo ator, sei exatamente como estão se sentindo a qualquer momento”.

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