'Se ela é feita para toda a população, é válida', analisa João Carlos Martins sobre Lei Rouanet
O maestro João Carlos Martins, convidado do Morning Show nesta segunda-feira (15), prometeu há quase 30 anos que não falaria mais de política. Hoje, diante do cenário brasileiro, ele afirmou que está “triste e decepcionado”, mas que a única coisa que faz “é torcer pelo nosso país”.
Os artistas – que têm sofrido pressão constante para tomar uma posição política -, para ele, têm outro papel. “O que eu acho é que o artista tem que ter a sua função em relação a sua contribuição social com o país, acho que estou fazendo a minha parte, quando percebo que tenho 10 mil crianças que vejo que estão tendo efeito multiplicador, falo que estou cumprindo minha missão, essa é a função do artista”. Ele faz trabalho social intenso com crianças da periferia e tem o objetivo de, em cinco anos, montar mil orquestras pelo Brasil.
Lei Rouanet
Alvo de críticas e elogios, a Lei Rouanet sempre é polêmica. O músico deu a sua visão durante a entrevista: “Se ela é feita para toda a população, aqueles segmentos que não têm oportunidade de contato com a cultura, ela é válida”. No entanto, ele reforçou que “quando é usada para trazer espetáculos bilionários”, se entende porque a Lei é vista ou como coisa de Deus ou como coisa do diabo.
Realização de sonho
A história de superação do maestro, que teve que passar por 23 operações na vida e se viu com futuro incerto na música diversas vezes, está sendo contada no cinema (“João, o Maestro”) e no teatro (“Concerto para João”).
Ele é o primeiro a confessar que passou por momentos difíceis: “quando eu tinha 28 anos, depois do primeiro acidente, eu escrevi isso no meu livro, pensei em me matar, tinha uma carreira fortíssima e vi os dedos fechando, fiquei 7 anos sem poder tocar, hoje o amor à vida é grande”.
Aos 78 anos, João Carlos Martins se prepara para ser aluno. E um aluno iniciante. “Em 2019, vou entrar numa sala de aula para estudar piano com a mão esquerda para realizar o sonho de tocar o concerto de Ravel”, contou, empolgado.
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