Thaíde aponta Brasil como país racista: "Negro só é bem visto quando tem dinheiro"
Thaíde é um dos expoentes do rap no Brasil e continua fazendo a sua música, agora com o álbum “Vamo Que Vamo Que o Som Não Pode Parar”. No Morning Show desta quarta-feira (6), o rapper afirmou que o racismo no Brasil nunca vai mudar e que negro só é bem visto enquanto tem dinheiro.
O músico paulistano cresceu na década de 1970 e conviveu com muita violência, dentro e fora de casa. O racismo também é algo que sempre esteve presente em seu dia-a-dia e ele vai contra a opinião de quem diz que o Brasil não é um país preconceituoso.
“A questão da cor nunca vai mudar. Dizem que o problema não é a cor, mas é. O negro só é bem visto quando tem dinheiro, quando acabar, voltará a sofrer preconceito”, disse. “Coisas pequenas, como estar numa banca com meia dúzia de pessoas e a polícia só pegar no seu pé, ir no shopping e o segurança ficar seguindo com dezenas pessoas em volta. Então isso de que não tem racismo no Brasil é uma grande mentira”, completa.
O rapper relembrou um caso que sofreu num restaurante, em que o atendente disse que ele não poderia pedir nada ali por conta de sua cor.
“Eu entrei no restaurante e quando eu estava indo me sentar, um rapaz disse que eu não poderia pedir nada, achando que eu era morador de rua ou algo do tipo. Como assim não vou pedir?”, revelou.
O rap mesmo é um estilo musical que sofre com opiniões equivocadas de pessoas mais da elite, por conta do movimento ter nascido nas periferias, acusando-o de glamourizar o crime. Thaíde disse que ele e outros profissionais só passam o que veem em suas composições e que seu maior desejo é fazer músicas que não precisem enfatizar a desigualdade social enorme que existe.
“Nós viemos de uma realidade muito diferente do que vemos hoje. Presenciei muita violência e é normal que retratemos isso nas letras. Nós víamos essa coisa da injustiça acontecer conosco e isso é o que colocamos na nossa letra. O que eu mais quero é ter que não falar disso em nossas letras. Pensam que nós somos os vilões, mas é bem diferente”, explicou. “Existe uma grande diferença de falar sobre o que conhecemos e colocar alguém num pedestal”, apontou.
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